Tuesday, September 26, 2006

Zé Dirceu conclama militância e fiscalizar as eleições

Zé Dirceu diz em seu blog que a militância petista mais uma vez fará a diferença. É fundamental que estejamos todos no dia 1º, fiscalizando a votação e garantindo a vitória de Lula no primeiro turno. Pra isso é preciso que cada companheiro compareça ao diretório mais próximo de sua residência e/ou local de votação e preencha a ficha de fiscalização. Bel
O que está em jogo no dia 1º de outubro
Não se trata de vencer por vencer. E não se trata do PT. O que está em jogo é o Brasil, o futuro do país, o seu rumo. Nada pode apagar os quatro anos de governo Lula, resultado de nossa vitória em 2002. O balanço é o próprio povo que está fazendo. Mas ainda há muito para fazer a fim de que o Brasil cresça e acabe com suas desigualdades sociais históricas.
A reeleição de Lula é fundamental, não só para avançar no projeto de desenvolvimento, mas, principalmente, para iniciar uma ampla reforma democrática no Estado brasileiro, começando pela reforma político-eleitoral.No início de 2004, a oposição rompeu o pacto democrático e iniciou, com amplo apoio de grande parte de nossa mídia, uma escalada para desestabilizar, derrotar e, se fosse possível, derrubar o governo Lula. O uso aberto e sem pudor das CPIs para esse fim está comprovado na recusa, sem vacilações, do PSDB e do PFL em permitir CPIs sobre seus governos estaduais. E, agora, do PSDB de Piracicaba (SP), que acaba de arquivar um pedido de investigação parlamentar sobre as relações de Barjas Negri (ex-ministro da Saúde e ligado a José Serra), o empresário Abel Pereira e a máfia das ambulâncias.
A oposição não vacilou em apelar abertamente para o golpe, como o fez pela voz autorizada de um ex-presidente da República e seu líder inconteste. A base de nossa democracia é o voto universal. Mas, durante toda a campanha eleitoral, o que vimos foi uma tentativa canhestra e antiga, como aquela praticada pela UDN nas décadas de 50 e 60, de desqualificar o voto popular.
A oposição não teve pejo de representar no Tribunal Superior Eleitoral contra a candidatura Lula, sem ter nenhuma evidência, indício ou prova que envolvesse o presidente e os recursos de sua campanha no caso do dossiê Serra.
Não temos salvação fora da legalidade e da democracia, fora das instituições. Aqueles que nos acusam de aparelhar o Estado não podem, abertamente, politizar e partidarizar a ação da Justiça Eleitoral e nem pretender substituir o voto pelo Tribunal Superior Eleitoral, retrocedendo às piores práticas da República Velha.
O princípio sagrado da democracia (“a cada cidadão um voto”) não pode ser substituído pelo veredicto de uma dezena de homens. A igualdade de condições para a disputa do voto não pode ser desequilibrada pelo uso da mídia na campanha, pela partidarização aberta e completa do noticiário e pela manipulação dos fatos.
Nunca, na história recente do Brasil, assistimos uma tão despudorada ação dos meios de comunicação contra um governo e uma candidatura, sem falar na campanha contra o PT. Nossa vitória, no primeiro turno, será, também, uma resposta clara e dura do povo a essas práticas antidemocráticas e permitirá ao país avançar na consolidação de nossa recente democracia.
Como sempre, a militância do PT fará a diferença. Precisamos da mobilização e da arrancada final da última semana, precisamos fiscalizar a eleição no dia 1º, é isso que vai garantir nossa vitória no primeiro turno. Com a força do povo, Lula de novo.
enviada por Zé Dirceu

Sunday, September 24, 2006

Entrevista com o presidente da CUT



Presidente da CUT, Artur Henrique Silva Santos é entrevistado por Zé Dirceu e defende a necessidade de construção de uma agenda positiva para rearticular os movimentos sociais.

Leia na seção Entrevistas do Blog do Zé Dirceu.
Bel

Nota de esclarecimento

Diante de recorrentes insinuações caluniosas da mídia que, em vez de investigar o dossiê Vedoin-Serra, gasta tinta e papel para tapar o sol com a peneira e buscar subterfúgios, desejo esclarecer de uma vez por todas que não tive participação nem acesso a esses documentos comprometedores da administração tucana no Ministério da Saúde.
Ademais, é preciso dizer à opinião pública que:
a) A análise de informações é crucial em qualquer atividade, seja na economia, seja na política, seja na carreira profissional.
b) No fundo é isso também que faz a imprensa todos os dias, não sem cometer graves injustiças, como ficou provado no caso da Escola Base. Esse foi apenas um exemplo-símbolo de tropeço e colisão entre o exercício do jornalismo e o direito da opinião pública à informação isenta. Mas não foi o único. Exemplos abundantes de manipulação da opinião pública podem ser encontrados nesta campanha eleitoral, como fica claro a cada levantamento dos diferentes Observatórios de Mídia em atuação no país.
c) Pegue-se qualquer um deles: a avalanche de enfoque negativo contra o governo e o candidato Lula deveria dispensar-nos da dissimulação, dos que ocultam preferências partidária e, não raro, ódio de classe e preconceito social sob o biombo roto da equidistância e do respeito aos desmoralizados manuais de redação.
d) Não se pode reprovar a opção política de uma empresa de jornalismo, do seu dono e de seus editores e pauteiros. O que a democracia requer não é censura às opções partidárias e ideológicas, mas sim a transparência diante da opinião pública. É devastador para a democracia o que se faz hoje, quando a óbvia opção partidária se oferece ao público travestida de verdade.
e) Melhor papel fariam nossos diários se deixassem claro suas preferências nos editoriais e usassem o restante do papel para a reportagem isenta, deixando ao leitor a prerrogativa de julgar. Como tal divisor republicano não se estabelece, o que temos é a invasão despudorada do editorial no corpo das notícias, na distribuição dos espaço e nas manchetes, de indisfarçável tendenciosidade. Menos cinismo seria um belo serviço à liberdade da parte de quem tanto cobra o equivalente na vida política nacional.
f) É nesse quadro espinhoso que partidos e campanhas fazem análise de todas as informações disponíveis -- aquelas veiculadas através da mídia e as que circulam nos meios políticos, antes ou depois de terem sido processadas pelos jornais.g) Vejamos o caso do dossiê Vedoin-Serra, por exemplo. Os fragmentos e investigações jornalísticas divulgados até agora -- escassamente pela nossa mídia isenta -- apontam sinais robustos de associação entre a máfia do sanguessuga e a administração Serra/Barjas Negri no Ministério da Saúde, durante o governo FHC.
g) Um dado resume todos os demais: 70% das transações efetuadas pela Planan, empresa da família Vedoin, aconteceram sob o manto Serra/Barjas. É forçoso perguntar: será que os Vedoin eram pios devotos de madre Teresa de Calcutá quando realizaram 70% de seus negócios e só depois, na cota dos restantes 30%, trocaram a batina pelo terno de Al Capone? Menos cinismo, senhores donos da mídia, por favor.
h) Dito isso desejo esclarecer de uma vez por todas:
I) Torço para que a nossa mídia isenta tenha uma recaída republicana e deixe de esconder o que deveria investigar sobre esse episódio. Que o faça como é a sua obrigação, de forma transparente e reservando-lhe o mesmo espaço e ênfase jornalística que tem dedicado quando se trata de avaliar o PT. Faça-o sem tergiversações. Sem buscar em terceiros o bode expiatório para dissimular o vazio criado pelo abandono dos princípios da profissão.
II) Só tomei conhecimento das informações do dossiê Serra/Vedoin em conta-gotas, graças a "isenta" cobertura eleitoral da mídia. Inicialmente, tais informações circularam apenas nos blogs -- por sinal, há mais de um mês, quando algumas fotos do ministro Serra, em festiva confraternização com a turma sanguessuaga, no Mato Grosso, foram postadas no blog do jornalista Fernando Rodrigues. Depois disso, só retomei contato com o assunto ao explodir o escândalo do dossiê Serra/Vedoin.
III) Injustamente afastado da vida política brasileira, por conta de acusações inverídicas -- que inclusive motivaram a cassação do meu acusador por quebra do decoro parlamentar -- encontro-me fora da ação partidária e eleitoral.
IV) Não participo da atual campanha, exceto como analista e cidadão. Portanto, não poderia jamais ter ingerência em qualquer negociação ou avaliação do referido dossiê Serra/Vedoin.
V) Minha participação neste pleito resume-se a defender e torcer pela reeleição do presidente Lula, para que o Brasil possa dar continuidade ao processo de desenvolvimento soberano iniciado nos últimos anos.
VI) O governo Lula tirou o Brasil do círculo de ferro de endividamento e estagnação que nos foi legado por oito anos da gestão Fernando Henrique Cardoso. Nesse período, o tucanato vendeu o ativo nacional (as estatais), explodiu o passivo interno do setor público e radicalizou a dependência externa, colocando o país sob o cabresto do FMI. Em bom português: quebraram a economia, deixando uma herança ruinosa para o presidente Lula que, pacientemente, saneou a máquina e devolveu o país ao trilho de crescimento com maior justiça social.
VII) Jamais tomaria qualquer iniciativa que pudesse pôr em risco a continuidade desse processo de regeneração econômica e social do país.
VIII) Não participei de decisões ou ações relativas ao dossiê Serra/Vedoin. Considero-o, por sinal, absolutamente dispensável para a vitória de Lula. Como brasileiro, todavia, creio ser impreterível que a Polícia Federal e a mídia, sempre ciosa do interesse público, esclareçam à sociedade as graves informações já veiculadas. O pouco que já se noticiou torna evidente o compadrio de negócios escusos entre as duplas Vedoin/Abel Pereira e Serra/Barjas Negri. Como leitor, aguardo as reportagens isentas. Como cidadão, cobro a investigação total.
enviada por Zé Dirceu

A cada dia, mais manchetes sem fundamento

A manchete do Globo, hoje, é “Núcleo de inteligência do PT funciona desde 1989”, com subtítulo “Grupo ganhou força sob Dirceu, que ainda o monitora”. Isso não tem fundamento. Primeiro, porque não tem nenhum grupo de inteligência no PT. Segundo, porque não mantenho nenhum contato com a campanha deste ano.
Em geral, os partidos organizam a segurança do candidato, da sede do comitê, das comunicações e das informações. Em todo mundo é assim. As campanhas organizam também setores de inteligência e informação – como o PSDB e o PFL fizeram, como comentei aqui. Se os tucanos chamam isso de "estrategistas" e os petistas chamam de "analistas de risco e mídia", não interessa.
O jornalista Gerson Camarotti me procurou e, por e-mail, mandei a ele a seguinte nota:“Os pressupostos para querer me ouvir não procedem. Assim, não tenho nada a dizer. Como todos vocês sabem, estou totalmente afastado das campanhas eleitorais deste ano – minha única participação resume-se ao meu blog, onde divulgo minhas opiniões e de outras pessoas que considero relevantes. Um abraço, José Dirceu”.
Hoje, fui obrigado a ler essa manchete do Globo. É mole?
enviada por Zé Dirceu

PF investiga a venda de silêncio sobre os tucanos

Na semana passada, a IstoÉ mostrou os Vedoin afirmando que Abel Pereira era o "operador" da máfia dos sanguessugas na gestão dos ex-ministros da Saúde José Serra e Barjas Negri, quando, segundo eles, era "mais fácil" vender as ambulâncias superfaturadas. Nesta semana, a mesma IstoÉ relata que Abel Pereira teria tentado comprar o silêncio dos Vedoin.
Embora os tucanos venham fazendo malabarismos verbais para tentar explicar a situação, o fato é que José Serra e Barjas Negri têm de ser investigados. Não adianta parte da mídia ficar afirmando que Luiz Antonio Vedoin isentou Serra, já que, como afirma a revista, Abel Pereira tentou comprar o silêncio do empresário, apontado como o chefe do esquema das sanguessusas. José Serra e Barjas Negri dividiram o comando da pasta na época em que ocorriam as irregularidades.
Em 26 de dezembro de 2001, a coluna Radar, da Veja (para assinantes), trouxe a nota "Passando o bastão", que mostrava a confiança de Serra em seu subordinado – e, mais, indicava que Barjas Negri já era o sucessor do tucano. Dizia a nota:
"Com o ritmo de pré-campanha recrudescendo, José Serra não está mais obsessivamente no dia-a-dia do Ministério da Saúde, como era seu costume nos últimos quatro anos. Quem cada vez mais toma conta do pedaço é o secretário executivo, Barjas Negri – aliás, sucessor de Serra no ministério".
Neste sentido, tem razão a revista Carta Capital quando afirma que a Polícia Federal não pode demorar para esclarecer o episódio. Em entrevista ao site Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, o repórter Leandro Fortes, da Carta Capital, ao comentar as investigações sobre Abel Pereira, disse:
"Ele queria vender o silêncio para o PSDB. Isso é uma coisa que está sendo investigada pela Polícia Federal. Essa história precisa ser melhor qualificada. A Polícia pegou em grampos telefônicos, conversar do Abel Pereira com o Luiz Antônio Vedoin, que é o chefe da máfia das ambulâncias. E, ao que tudo indica, essas conversas eram justamente uma negociação entre um lado e outro para que esse dossiê não viesse à tona, como veio. É bom lembrar que nos primeiros depoimentos do Luiz Antônio Vedoin – longos depoimentos à Polícia Federal – ele não citou os nomes e depois foi citando a conta-gotas. A interpretação geral sobre isso, é de que essa liberação a conta-gotas era uma demonstração de poder que eles tinham: 'quem a gente coloca na roda vira bandido no mesmo dia', avisavam".
A pergunta é: por que os tucanos negociavam o silêncio?
enviada por Zé Dirceu

Destaques do Blog do Zé

Uma boa notícia sobre a Bolívia, mas não foi manchete

Deveria ter sido manchete de primeira página em todos jornais: “Resolução contra Petrobras é revogada”, conforme publicou o Estadão (para assinantes). A matéria afirma que o novo ministro boliviano de Hidrocarburos, Carlos Villegas, revogou a decisão que na prática expropriava os ativos da Petrobras na Bolívia.
Esta sim é uma boa notícia. É uma oportunidade para que Petrobras e governo brasileiro negociem com a Bolívia, atendendo à expectativa dos nossos vizinhos e também do Brasil, mas apoiando o processo de mudanças iniciado por Evo Morales.

Brasil contido no ovo tucano

José Dirceu

(Artigo publicado no Jornal do Brasil, em 21 de setembro de 2006)

Cronistas e políticos emplumados têm se dedicado, com afinco, a pontificar sobre os riscos de um segundo governo Lula. Populismo, ingovernabilidade, impeachment são algumas ameaças brandidas no atacado. No varejo, tenta-se de tudo. Sintomático, porém, é o pouco que se oferece à reflexão equivalente, no caso de uma volta tucana ao poder. Cabe-nos, assim, especular: afinal, quanto custaria ao país chocar a lógica embutida dentro do ovo tucano? Vejamos os protagonistas e o enredo que compõem essa equação.

Geraldo Alckmin orgulha-se de haver enjaulado 130 mil criminosos em SP. Fez o decantado choque de gestão, cortou gastos até o osso e semeou o crime organizado no estado mais rico da federação. Serra, por sua vez, promete acelerar a construção de presídios num eventual governo. Deve haver algo de errado num projeto político cuja prioridade é disputar, com o relógio, a construção de cadeias.

Fernando Henrique desdenha a política social do Bolsa Família. Assistencialismo de cabresto, dispara, para se defender do ostracismo crepuscular diante de um presidente-metalúrgico.
Assistencialismo à parte, tucanos de alto e baixo coturno menosprezam o Prouni, uma ponte de emancipação para a juventude pobre, sem a qual jamais teria acesso à universidade. Ao mesmo tempo, engavetam o Fundeb no Congresso, deixando em supenso um salto de qualidade na escola pública, que faria diferença na vida de milhões de crianças e adolescentes.

Não satisfeitos, censuram o investimento público, cobram mais arrocho fiscal e vaticinam: haverá séria crise num segundo governo Lula, se a gastança não for contida. Entre os muitos crimes de gastança cometidos pelo atual presidente, estaria a indesculpável disposição de recuperar o poder aquisitivo do salário mínimo. Pior: tratá-lo como instrumento de política econômica, a fixar limites à exploração da mão-de-obra e encorpar um mercado de massa gigante.

Criticam os reajustes do salário mínimo, acenando para o irremediável déficit que acarretariam às contas da Previdência: 4% do PIB, anunciam. Mas omitem, por exemplo, o fato de que, se o divisor – o produto nacional –, crescer mais depressa, o dividendo exterminador declinaria suavemente. Mas como crescer, se o que mais falta ao país é investimento público para puxar o setor privado, e a pedra de toque do modelo tucano é comprimir ainda mais essa variável – hoje já reduzida a 0,5% do PIB, face aos 8% destinados aos juros dos rentistas?

Não importa. A solução heróica é apertar a tarracha até o limite, para que se acione o ajuste redentor. E depois? Depois, quando o furacão Katrina das asas tucanas espraiar seus efeitos devastadores, um Estado mínimo emergirá das cinzas. Ao preço, provável, da insegurança máxima rondando as ruas, mas com contas equilibradas – mesmo que isso custe um regresso à lei das selvas.

Exagero? Leiam o que escrevem e falam membros do think tank tucano. Avaliem o upgrade ortodoxo cogitado na Casa das Garças, sucursal tucana do Consenso de Washington, tida como conselheira do candidato Alckmin. Ali se acalenta adotar a livre conversibilidade cambial no Brasil (dólar/real), a mesma receita aplicada na Argentina pelo ex-ministro Domingo Cavallo, que destruiu a indústria do país, produziu favelas em Buenos Aires e arrebentou a classe média.

Avaliem e respondam se não vai faltar grade para acomodar esse Brasil contido dentro do ovo tucano. O Dieese mediu um pedaço da encrenca que essa lógica anabolizará, enquanto o governo Lula já fez e planeja fazer muito mais para revertê-la. Pesquisa que acaba de divulgar confirma que 45,5% do total de desempregados brasileiros, nas regiões metropolitanas e no Distrito Federal, têm entre 16 e 24 anos de idade. Pergunta que a lógica tucana não responde: até quando esses moços e moças teriam que esperar na fila da desilusão, para que a "higienização ortodoxa" desse conta de sanear as finanças e permitir ao país gerar empregos e crescer novamente? Com a resposta, os eleitores.

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Thursday, September 21, 2006

Mídia destaca crise e esconde pesquisa do Datafolha

Em função do comportamento da mídia diante da crise provocada pelo “dossiê contra Serra”, o Observatório Brasileiro de Mídia divulgou, ontem à noite, um estudo especial feito sobre três jornais pesquisados: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo.
O número de reportagens publicadas expondo a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o índice de matérias negativas relacionadas a ele, consideravelmente maior à média das últimas pesquisas, chamou a atenção do Observatório. Ontem, diz OBM, o número de reportagens verificadas nos três jornais analisados atingiu 97, sendo que destas o número de matérias com citações à candidatura de Lula chegou a 70 (72%), enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) foi citado em apenas 6 (6,2%) das reportagens, e Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) em 3 reportagens (3,1%), cada um.
O OBM também constatou que das 70 reportagens em que Lula foi citado, 65,7% eram negativas. Alckmin foi citado em apenas 16,7%, sendo metade delas positiva.
O OBM destaca que, além dos "resultados atípicos", foram verificados também "outros movimentos inusitados" na cobertura do processo eleitoral. O melhor exemplo: a pesquisa Datafolha, que mantém Lula na liderança, com 50% dos votos no primeiro turno, normalmente publicada com destaque, ontem foi parar nas últimas páginas das editorias de política.
enviada por Zé Dirceu

No blog do Zé

Nada debaixo do tapete
Lula deu esta manhã, ao Bom Dia Brasil, uma entrevista de quem não tem o que esconder.
Deixou claro que não lhe interessava explorar nenhum dossiê contra Serra. Primeiro, porque não faz parte de sua história política. "Meu comportamento na política é impecável. Não por uma eleição, mas por todas que participei, em situações muito desfavoráveis. Sempre tive um comportamento ético", afirmou Lula. Em segundo lugar, porque está à frente na disputa, com 46% dos votos espontâneos, e seu adversário não consegue mudar esse quadro.
Ele repetiu o que havia dito em Nova York: "A quem interessa melar o processo? A mim, não". "Estou em situação absolutamente confortável na campanha, faltam dez dias para a eleição, não sei porque alguém há de querer um dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo. Não é nem contra o Alckmin. Qual seria o interesse da minha campanha?", disse Lula.
Perguntado se não seria bom o PT ganhar também em São Paulo, disse que seria bom ganhar em todos os Estados, mas que duvida da participação do candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, no caso do dossiê, que liga ex-ministros do PSDB à máfia dos sanguessugas. “Eu coloco minha mão no fogo".
Tranquilo, Lula disse que cumpriu seu papel. "O papel do presidente é afastar. Não posso julgar e não posso prender. Cabe ao Ministério Público e à Justiça tomar conta da situação agora. As pessoas terão o direito de se defender na Justiça, que vai dar o veredicto final. Não é por conta de sair a cara do sujeito no jornal que ele está culpado."Lula defendeu uma investigação profunda e afirmou que todos os culpados serão punidos, porque seu governo "não joga lixo debaixo do tapete". "Se companheiros tiveram a ilusão que estavam encontrando algo tão poderoso que poderia mudar o planeta Terra, essas pessoas pagarão. Porque eu quero saber quem deu o dinheiro, quero saber o que tem nesse dossiê, porque ele valia tanto. O fato é que, sendo divulgado ou não, não me ajuda na campanha eleitoral. Faço questão de que a Polícia Federal vá a fundo, investigue nas entranhas", afirmou.
Veja matéria no O Globo Online.
enviada por Zé Dirceu

Saturday, September 09, 2006

Passe o mouse nas pétalas e tenha uma linda surpresa!

Visite o site e veja o quanto de poesia pode haver no coração de um homem que ainda acredita no sonho, e faz com que seus ideais sejam uma lição de vida para todos nós.
Genoíno, o sonho é de todos nós! Bel

http://www.genoino.org/rosa/genoino.htm


Enviado por Grupo Beatrice e www.informante.net

Friday, September 08, 2006

A pauta do desenvolvimento

José Dirceu

(Artigo publicado no Jornal do Brasil, em 07 de setembro de 2006)

A questão do desenvolvimento, mesmo com um viés crítico com relação ao governo Lula, vai tomando conta do debate, pelo menos na imprensa escrita. Isso é um bom sinal, porque ajuda o Brasil. O país não pode mais ficar patinando, com um desempenho para lá de modesto em relação aos demais países emergentes. Não há porque não crescer a uma taxa de 5%, 6% ao ano, a partir de 2007.

As condições macroeconômicas estão dadas. O país resolveu sua situação externa, tanto em termos de equação da dívida como da balança de pagamentos, embora, do ponto de vista da política cambial, o quadro não seja confortável. Ainda temos que resolver a questão da dívida pública interna, que vem gradativamente melhorando de qualidade, ou seja, seus prazos vêm sendo alongados. Já há condições de acelerar a redução dos juros, como o demonstrou o Copom em sua última reunião.

Ou seja, o presidente Lula, se reeleito como indicam as pesquisas, vai iniciar seu segundo mandato em condições muito diferentes e extremamente vantajosas em relação a 2003. Será preciso agarrar essa oportunidade para fazer o país crescer e estabelecer uma política desenvolvimentista, que exige a construção de consensos em torno dos objetivos que forem definidos.
Para isso, além da redução mais acelerada dos juros, é preciso que o Banco Central enfrente a questão da apreciação do real, que vem inviabilizando a competitividade de importantes e eficientes cadeias produtivas. Isso tem se refletido na redução dos investimentos e, se o processo não for contido, pode levar rapidamente à desestruturação dessas cadeias, a exemplo do que ocorreu em outros momentos da história recente do país. Vários economistas têm chamado a atenção para o fato de que a decisão de ser, ou não, conivente com a apreciação prolongada da taxa de câmbio será decisiva, nos próximos anos, para a economia brasileira.

Com a ação nessas duas frentes, somada à melhoria da qualidade da dívida interna e da redução da dívida externa, o país estará pronto para começar a sua arrancada de desenvolvimento, onde o investimento público tem papel relevante – é ele que alavanca o investimento privado.
Estariam dadas as condições, creio, de aumentar os investimentos públicos que precisam chegar a 1,75% do PIB já, e a 3%, numa segunda fase. Se isso for feito, teremos, junto com os investimentos da Petrobras e das estatais, 5% de investimento público. O que permitirá investir pesado em educação e inovação.

É evidente que precisamos, também, resolver gargalos como do Judiciário e da burocracia ineficientes, nosso contencioso ambiental sem solução, impostos irracionais, deficiências na infra-estrutura de transportes, questões legais e regulatórias que impedem parcerias e concessões.

As propostas de cortar gastos sociais são inviáveis, a não ser que queiramos transformar o Brasil num grande PCC. A Previdência precisa de ser modernizada e o crescimento econômico pode trazer seu déficit, de R$ 40 bilhões (2% do PIB) para R$ 20 bilhões. Fora disso, é jogar o país em uma agenda negativa que discute os "privilégios" dos de baixo e não toca nos dos de cima.

Não se pode continuar pagando R$ 150 bilhões de juros, dos quais 70% vão para 13 mil empresas e famílias e 30%, para 7 milhões de poupadores. E, ao mesmo tempo, exigir que não se aumente os salários e pensões da imensa maioria do povo brasileiro, que depende desse rendimento para não cair na miséria. A idéia de que reduzir gastos com salários dos servidores públicos, pensionistas e trabalhadores que ganham o mínimo libera recursos para investimento é uma ilusão. O Brasil não tem futuro com a renda do trabalho equivalente a 36% da renda nacional, quando, nos países que se desenvolveram, ela equivale a, no mínimo, 50%.

Só o crescimento econômico, apoiado num crescente mercado interno de massas, com distribuição de renda – que tem de ser uma obsessão – nos salva. Saídas fáceis já tentamos no passado; elas acabaram em milagres econômicos que arruinaram o país e quase nos roubaram a soberania.

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Wednesday, September 06, 2006

O senador Antero some, e a cúpula do PSDB se cala

O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) sumiu dos principais jornais nos últimos dois dias, depois que a Folha disse, no domingo, que ele "negociou emenda para ambulância". A última vez que ele falou à imprensa foi no domingo à noite, ao Globo, quando prometeu que dará explicações à CPI dos sanguessugas e admitiu, ainda que indiretamente, que suas emendas "podem ter sido pagas".
Tasso Jereissati, presidente do PSDB, e Arthur Virgílio, líder do partido no Senado, também não voltaram ao assunto. Na semana passada, eles assinaram nota em defesa do colega em que afirmam: "O PSDB vem a público declarar que se sente à vontade para prestar inteira solidariedade ao senador Antero Paes de Barros, do Mato Grosso, em relação às acusações que o parlamentar tem sofrido de participação no chamado escândalo dos sanguessugas". Será que o silêncio quer dizer alguma coisa?
Apenas Geraldo Alckmin, até por força da campanha eleitoral, tem comentado o assunto. Ontem, segundo a Gazeta Mercantil, disse que todos os envolvidos, inclusive Antero, têm de dar explicações. "O que vale para um vale para todos", disse.
Também ontem o Conselho de Ética do Senado ouviu o empresário Luiz Antônio Vedoin e seu pai, Darci, e um sócio deles. A mídia afirma hoje que eles complicaram a situação dos senadores Ney Suassuna (PMDB-PB) e Magno Malta (PL-ES). Além disso, eles deixaram dúvidas sobre as acusaçõs a Serys Slhessarenko (PT-MT). Os três senadores agora vão se explicar ao conselho, que deveria ouvir Antero também.
enviada por Zé Dirceu

Tuesday, September 05, 2006

A ética da hipocrisia

Os que acusam Paulo Betti de fazer um discurso compactuando com a corrupção, que dizem existir no governo Lula, são os mesmos que há anos vem se locupletando da ignorância e da miséria do povo brasileiro.
São eles os corruptos, e a pretexto de denúnciar a corrupção tentam retornar ao poder, porque se fossemos os corruptos que eles dizem, certamente não estariam querendo nos retirar do governo. Bel

PAULO BETTI

Nos últimos dias, venho sendo submetido a um linchamento moral que deveria preocupar os democratas de nosso país

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo." (Fernando Pessoa, "Poema em Linha Reta")

NOS ÚLTIMOS dias, venho sendo submetido por setores da mídia e dos meios político, intelectual e artístico a um linchamento moral que deveria preocupar os democratas sinceros de nosso país. Ele oculta, sob a forma de protestos indignados contra minha suposta pregação do "fim da ética", uma corrente de intolerância e de farisaísmo político que se esforça para desqualificar todos aqueles que se identificam com o projeto político representado pelo presidente Lula.
Nesse episódio, tive pouquíssimas chances de defesa, de demonstrar o sentido completo da minha frase, extraída por repórteres ávidos e ansiosos à saída de um encontro entre artistas e o presidente: "Não se faz política sem sujar as mãos". "Sem pôr a mão na merda", de fato acrescentei, desnecessariamente, para delícia dos que buscavam munição para a renhida disputa eleitoral deste momento.
Embora a Folha tenha publicado minha carta aclarando o sentido das declarações, elas continuam sendo usadas como "prova" do colapso da ética entre nós.
Por outra frase, também dita sob o calor das cobranças, um dos maiores e mais respeitáveis músicos brasileiros, o maestro Wagner Tiso, vem sofrendo igual massacre.
Os jornais e os jornalistas, os artistas, os intelectuais e os políticos que protagonizam esses ataques sabem de quem estão falando.
Conhecem nossas trajetórias. Lembram-se de mim associado à trajetória do PT, mas também à memorável batalha de Betinho "Pela Ética na Política". Sabem que constatar as transgressões como inevitáveis não é o mesmo que defendê-las. É lamentável que o sistema político exija um pragmatismo que suja as mãos, mas é só pelo reconhecimento da existência dessas mazelas que poderemos superá-las.
Todos sabem que falei coisas óbvias, que dispensariam explicações em outro contexto e momento. Temos um sistema de financiamento privado de campanhas que a todos contamina. Com esse sistema, acaba a fronteira entre o público e o privado. Quem tiver mais acesso aos endinheirados arrecada mais, obrigando-se, nos cargos públicos, a responder com reciprocidade. Enquanto fez campanhas vendendo bonés e estrelinhas, o PT não teve chances de chegar ao poder. Em 2002, diante do favoritismo de Lula, os cofres se abriram. E o partido se envolveu com forças das quais deveria ter guardado distância. Errou por fazer o que todos sempre fizeram.
Nem por isso devem ser linchados os que, mesmo condenando esse erro, defendem a reeleição de Lula pela qualidade do governo que vem fazendo, voltado para os mais pobres, dando-lhes mais poder de compra e alguma chance de ascensão social. Por estar vivenciando a melhora de suas vidas, e não por amoralismo, é que a maioria dos eleitores o apóiam, segundo as pesquisas. Nosso sistema político permite a eleição direta do presidente da República, mas não lhe garante a governabilidade. A profusão de partidos dispersa o voto para a Câmara. Lula teve 52% dos votos em 2002, mas o PT ficou com 17% das cadeiras.
Em busca da maioria, todos os presidentes têm sido obrigados a buscar acordos e alianças. Acabam dependendo do apoio das forças do atraso político, que, em troca, pedem cargos, verbas e mesmo recursos financeiros com a desculpa de que têm dívidas de campanha.
O PT caiu nesse antigo alçapão. Nem por isso se deve negar o direito da maioria dos eleitores de reeleger o presidente. Nem por isso é democrático e "ético" o massacre daqueles que, como eu, declaram o voto acreditando na liberdade e na democracia que construímos em jornadas de lutas -das quais também participei. Mais que hipocrisia, há na exploração de minha frase um misto de autoritarismo com oportunismo político.
É autoritária porque reproduz o germe de todos os sistemas totalitários: desqualificar os que não se alinham com o pensamento dominante. Para calar, o primeiro passo é desmoralizar. Assim fazem as ditaduras. É oportunista porque explora minha condição de artista, e as identidades que isso acarreta, para auferir dividendos eleitorais. Há coisa mais suja que isso? Estamos chegando a um grau preocupante de intolerância. Depois das eleições, em nome da democracia, precisamos baixar as armas e recuperar a cordialidade, traço de nossa cultura.

PAULO BETTI , 53, é ator-diretor e produtor. Participou, entre outros, dos filmes "Lamarca" (1994) e "Guerra de Canudos" (1997). Foi professor de teatro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Leia no Blog do Zé




José Dirceu entrevista o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos.
Wanderley defende que o PT lidere a construção da verdadeira social democracia no país.
Leia a íntegra na seção Entrevistas.

Monday, September 04, 2006

No blog do Zé

Matéria publicada no blog do Zé Dirceu que mostra como o Ministro está atento a todas as questões de nossa sociedade e no que ocorre ao redor do mundo.
Como sempre, José Dirceu mostra coerência e preparo para discutir todos os assuntos pertinentes da política brasileira.
Bel
O divórcio de classes só existe na Veja
Vale a pena fazer uma análise mais profunda sobre a matéria que a Veja(para assinantes) publicou no domingo, na qual aponta um fosso entre o padrão de votos da classe média e da classe pobre. Já fiz uma nota sobre a questão e ela recebeu dezenas de comentários dos leitores.
A matéria desenvolve um raciocínio tendencioso, apontando falsas verdades estatísticas baseadas em uma análise histórica do voto que não faz sentido. Para se entender melhor o fenômeno que ocorreu no perfil de votação dos brasileiros, basta uma passada de olhos nas últimas pesquisas Ibope/Estado de São Paulo e CNT/Sensus. Nelas, a intenção de voto em Lula cresceu em todos os estratos e segmentos da sociedade, apontando uma compreensão lógica, por parte da população, das políticas sociais e econômicas do atual governo.
Esse divórcio de votos entre a classe média e a classe pobre na realidade não existe, porque a estratificação do Brasil por classes sociais caiu por terra há muito tempo, devido à impossibilidade de se ler a sociedade por faixa de renda, em um mundo com tanta mobilidade e diversidade econômica e cultural.
Hoje, o que a maioria das escolas políticas do mundo usa para estratificar a população não é renda e sim a escolaridade. A visão que as pessoas formam do mundo e a forma como elas vivem é baseada em sua capacidade de compreensão e leitura das realidades, que está diretamente ligada aos seus padrões culturais e regionais e não à renda. Desta forma, o que existe no Brasil é uma maioria da população com baixa escolaridade – 62% com até a 8ª série, de acordo com o último estudo do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), que teve uma melhora real de qualidade de vida e que vota logicamente, de acordo com suas experiências com a política e com a sua realidade.
Aí está o verdadeiro abismo, que a revista Veja não quer mostrar: a diferença gritante de um governo que investiu no povo e na melhora da qualidade de vida de todos os brasileiros. Apontar diferenças de classes, que nem existem mais, para analisar o padrão de voto de um país como o Brasil é subestimar nossa diversidade, simplificar para confundir e reforçar preconceitos. O divórcio de votos não existe. Muito pelo contrário, hoje temos uma maioria que vota lógica e linearmente no candidato Lula em função das melhoras tangíveis de seu governo no social e no econômico. E, por fim, usar o fracasso do poder de influência da classe média para explicar o fenômeno do governo Lula é voltar a um passado que nunca existiu para explicar uma realidade na qual o editores de Veja se recusam a acreditar.
Enviada por Zé Dirceu

A reforma do Estado

José Dirceu

04 /09/2006 12:29

(artigo publicado no Jornal do Brasil, em 31 de agosto de 2006)

Um dos problemas mais graves que enfrentamos em nosso Brasil é a falta de eficiência e controle do Estado, da administração pública. Isso significa falta de transparência e controle, ausência de prioridades, desvio e desperdício de recursos, baixa qualidade dos serviços públicos e altos custos burocráticos para toda sociedade.

Durante os últimos 20 anos, predominou a idéia da privatização, desregulamentação e terceirização. Ou seja, a idéia do Estado Mínimo. Ao servidor público foi atribuída a responsabilidade por todas as mazelas da administração estatal e, muitas vezes, pelo déficit público e pela ausência de serviços.

A burocracia civil foi sucateada ao longo de décadas, atingida na sua formação profissional e renumeração, compensada por um sistema previdenciário de alto custo e sem fonte de financiamento. Além desses problemas, vivemos num Estado Federado com um forte passado burocrático e patrimonialista.

Apesar da Federação, há uma grande dependência dos municípios dos recursos federais, seja do Fundo de Participação dos Municípios, seja de convênios e investimentos do Governo Federal. Os Estados, com maior autonomia financeira e administrativa, foram penalizados pela negociação da dívida interna e, hoje, destinam 13% de suas receitas líquidas para seu pagamento. O que, na prática, inviabiliza os investimentos necessários ao seu desenvolvimento.

Na verdade, temos dois graves problemas, de Gestão e de Recursos Humanos, que precisam ser enfrentados, e que foram subestimados no Governo FHC e mesmo no governo Lula, sem desconhecer os avanços realizados em várias frentes da administração pública. Não se colocou como prioridade de Governo uma ampla reforma administrativa, da gestão e dos recursos humanos da máquina pública federal.

Algumas questões sequer foram enfrentadas, como a existência de 35 ministérios, apesar da retomada da política de Planejamento e da coordenação, monitoramento e avaliação da Ação Governamental, com a volta das câmaras e dos grupos de trabalho interministeriais, tão criticados pela imprensa, mas absolutamente necessárias para a gestão das políticas públicas e dos planos de desenvolvimento do país.

Fica evidente que a própria gestão da máquina e seus recursos humanos necessitavam de uma Secretaria junto à Presidência, dado a prioridade e urgência da República de uma reforma administrativa.

Mas não se pode negar que o Governo Lula avançou na reestruturação da força de trabalho e na valorização do servidor público, instituindo uma Mesa Nacional de Negociação Permanente e dez mesas setoriais; 51 carreiras e 11 grupos de cargos isolados foram estruturados ou reestruturados; quatro planos especiais de cargos, criados; e 111 tabelas remuneratórias, reestruturadas, beneficiando cerca de 1,1 milhões de servidores ativos e inativos.

Foi feita a maior autorização de concursos públicos da última década, com 52 mil novas vagas nas áreas de educação, saúde, segurança pública, área jurídica, previdenciária, meio ambiente, de fiscalização e de carreiras do ciclo de gestão. Um total de 20 mil trabalhadores terceirizados e 7 mil técnicos vinculados a organismos internacionais foram substituídos por decisão judicial, já que, ilegalmente, exerciam atividades inerentes a servidores públicos.

Com uma política de articulação da rede nacional de Escolas de Governo, com 87 instituições, foi possível iniciar uma ampla política de capacitação de quadros dirigentes, formando técnicos mais capazes para dirigir o serviço público. Mais de 40 mil dirigentes, gerentes e outros servidores de áreas estratégicas do serviço público passaram por cursos de desenvolvimento gerencial. Mas persistem outros desafios, como os relativos à transparência e ao controle interno, ou à luta contra a corrupção, e a favor da descentralização e desburocratização da administração pública.

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