Thursday, January 26, 2006

Brasil

25/01/2006 - 08:43h

Dirceu diz que continua na política e fala com Lula


PORTO ALEGRE - O deputado cassado do PT José Dirceu disse, em entrevista ao jornal Zero Hora, da Venezuela, onde participa do Fórum Social Mundial, que continua na política e que ainda conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de não ser mais um membro da direção do PT, apenas um filiado. "Converso com o presidente quando há necessidade. Depende dele. Se tenho demanda, eu o procuro. Se ele precisa, ele procura". Dirceu afirmou que participará da vida política do Brasil normalmente, dentro das restrições que tem. Considera que não saiu e nem vai sair da política. "Vou lutar pela minha anistia e vou ao Supremo Tribunal Federal. Só preciso criar as condições para isso". O ex-deputado garante não ter mágoas. "Vejo as coisas com objetividade. Para eu estar bem física e mentalmente não posso ficar carregando mágoa e ressentimento". Dirceu acrescentou que quando tem alguma crítica a fazer a alguém ou a imprensa, faz. "O que quero é transparência para a sociedade. Não abro mão é de participar do debate político se for para avaliar minha gestão no PT ou minha participação no governo". Desde que deixou Brasília, Dirceu tem trabalhado, viajado, se dedicado às filhas e estudado inglês, de acordo com o jornal.
José Dirceu diz em Caracas que quadro político dá oportunidade única para integração do continente


09:03
Spensy PimentelEnviado especialCaracas (Venezuela)


- O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, que ainda permanece filiado ao PT, participa nesta quinta-feira de um debate sobre a integração latino-americana e da América do Sul durante o 6º Fórum Social Mundial.Dirceu, que foi convidado para o evento pelo Instituto Valores, adiantou para os jornalistas brasileiros a sua opinião sobre o tema. Para ele, o atual quadro político no continente dá uma oportunidade única ao processo de integração. "Nunca houve um quadro em que presidentes tivessem tanta afinação na América do Sul", disse.O ex-ministro avalia que esse quadro está "claramente" relacionado à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Negar isso, diz, "é querer desconhecer a realidade".Entre os atuais projetos de integração que Dirceu considera mais importantes estão a criação do Parlamento do Mercosul e de mecanismos de financiamento para a construção de infra-estrutura, como estradas, ferrovias e pontes. A integração energética, por meio de projetos nas áreas de gás, eletricidade e petróleo é outro ponto que Dirceu considera fundamental.Para o ex-ministro, o processo de integração sobreviverá a mudanças políticas. "Resistiu na Europa, vai resistir aqui. Não posso imaginar por que o empresariado brasileiro, as empresas multinacionais vão ser contra."Dirceu diz que "não é apanágio da esquerda a integração da América do Sul", mas ressalva que é preciso haver "vontade política" e que, no caso dos políticos de direita no Brasil, há uma tendência a apoiar uma integração mais favorável a interesses dos Estados Unidos, com a adoção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).Entre os projetos futuros importantes para o processo de integração, Dirceu diz que é preciso "ousadia" para criar uma moeda comum e chama a atenção para a proposta recentemente formulada em encontro entre Brasil, Argentina e Venezuela, para a criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano.

26/01/2006------

TB

Tuesday, January 24, 2006

Um ministério com a cara de Evo

Reestruturação dos ministérios na Bolívia inclui a abolição do Ministério de Assuntos Indígenas, a criação do Ministério das Águas entre outros. Dirigente do sindicato de empregadas domésticas é nomeada Ministra da Justiça e o economista Carlos Villegas Quiroga assume a pasta do Planejamento.

Emir Sader

Escândalo! Dirigente do sindicato de empregadas domésticas nomeada Ministra da Justiça!Pergunto a Álvaro Garcia e ele diz que se não mudar a justiça para o mais pobres, para os mais humildes, nada mudará na Bolívia. Diz que ser empregada doméstica nas cidades é estar no escalão mais baixo ocupado pelo contingente de imigração do campo, com as pessoas mais humildes, as mais discriminadas, e as mais mal remuneradas. Casimira Rodriguez nasceu em um povoado perto de Cochabamba, filha única de família pobre, começou a trabalhar como empregada doméstica aos 13 anos. Submetida a abusos físicos, mentais e sexuais, trabalhou dois anos sem receber salário. Tornou-se representante das trabalhadoras domésticas, desempenhou papel fundamental na aprovação da lei de legalização do trabalho das domésticas, com horário de trabalho, seguro médico, décimo terceiro salário, entre outras conquistas.Agora foi nomeada Ministra da Justiça do governo Evo Morales.“Um ministério duro” – diz a imprensa, sobre um ministério de maioria indígena.REESTRUTURAÇÃO MINISTERIALHouve algumas mudanças nos ministérios:- criação do Ministério de Desenvolvimento Sustentável, encarregado da planificação e o desenvolvimento econômico;- criação do Ministério de Desenvolvimento Econômico, encarregado da produção e das micro-empresas;- criação do Ministério de Assuntos Camponeses, encarregado do desenvolvimento rural;- criação do Ministério de Educação e Cultura;- criação do Ministério de Águas.Na verdade a reestruturação é uma transformações de ministérios antigos, não houve criação de ministérios novos. Foi abolido o Ministério de Assuntos Indígenas, através do qual os governos tentavam cooptar lideranças indígenas. Evo Morales brincou, dizendo que não será substituído por um Ministério de Assuntos dos Brancos.Um economista de esquerda terá o principal ministério da área – o do planejamento. Trata-se de Carlos Villegas Quiroga, que é diretor do curso de pós-graduação em Ciências do Desenvolvimento da Universidade Maior de San Andrés, foi professor de várias universidades, inclusive no México. É autor, entre outros livros, de “A privatização da industria petroleira na Bolívia” e “Relações energéticas entre a Bolívia e o Brasil”. MAIS BOAS SURPRESASO primeiro ministério da era Evo Morales tem também outras boas surpresas: como já havia anunciado, Evo nomeou um líder cocaleiro para tratar da política de drogas. Será com ele que a DEA terá que negociar as propostas de lutas contra o narcotráfico, mas no marco da legalização da coca.O primeiro Ministro da Água, Abel Mamani Marca, foi o principal dirigente do movimento que em El Alto, em junho de 2005, organizou e dirigiu as mobilizações contra a empresa francesa de exploração privada da água, Suez de Lyonnaise, que desembocou na demissão de Carlos Mesa da presidência da república. Mamani reafirmou que escutará os argumentos da empresa, mas que ela deve ir embora da Bolívia.O Ministro dos Hidrocarburos, Andrés Soliz Rada é um duro crítico das políticas neoliberais e da privatização das empresas estatais. Pretende formular uma política energética nacional que, segundo ele, a Bolívia nunca teve.

Sunday, January 22, 2006

Carta O Berro.

Tucanos teriam desviado R$ 104 mi de estatais

O Jornal do Brasil desta sexta-feira (20) revela que entidades administradas pelo PSDB depositaram dinheiro em uma conta do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Segundo a reportagem, uma nota técnica à disposição da CPMI dos Correios mostra que uma conta no Banco Industrial e Comercial S/A (Bicbanco), da agência SMP&B São Paulo, de propriedade de Marcos Valério, recebeu entre 1997 e 1998 cerca de R$ 104 milhões, em valores atualizados em novembro de 2005.
Os depósitos foram feitos por duas entidades públicas sob responsabilidade de governantes tucanos. A suspeita da comissão é de desvio de recursos públicos para alimentar o partido político.
De acordo com o Jornal do Brasil, a nota pode "comprovar que Marcos Valério opera esquemas de drenagem do erário pelo menos desde meados da década passada".
O documento aponta depósitos e ordens de crédito a favor da SMP&B São Paulo efetuados pela Telesp, então empresa de telecomunicações do Estado de São Paulo, e pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.
A reportagem demonstra que, em ambos os casos, houve pagamentos superfaturados por serviços não comprovados e saques em dinheiro vivo.
A atenção da CPMI dos Correios, segundo o jornal, está voltada para o relacionamento entre a Telesp e a agência de Marcos Valério. "Entre abril de 1997 e setembro de 1998, a empresa despejou na conta da SMP&B São Paulo cerca de R$ 41 milhões, em valores da época, ou R$ 73,3 milhões, em números atualizados em novembro de 2005, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)", demonstra o Jornal do Brasil.
A maioria dos depósitos ocorreu antes das eleições gerais de 1998 e da privatização da Telesp, realizada em julho daquele ano. A nota técnica menciona ainda indícios de que os depósitos podem ter apresentado irregularidades na sua utilização capazes de caracterizar desvio de recursos públicos.
"Entre os indícios, destaca-se o fato de o contrato entre a Telesp e a SMP&B São Paulo prever o pagamento de, no máximo, R$ 4 milhões. Ou seja, dez vezes menos do que o total depositado na conta da agência de Marcos Valério", alerta a reportagem.
O presidente da CPMI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), enviou ofício à Telesp questionando se foram fechados outros contratos de prestação de serviço no período sob investigação e a relação discriminada dos pagamentos deles resultantes.
"Em resposta à CPMI, a empresa declarou a existência apenas do contrato de R$ 4 milhões, assinado pelo então diretor Carlos Eduardo Sampaio Doria. Eleito deputado federal pelo PSDB em 1998, Sampaio Doria também foi presidente da Telesp", informa o Jornal do Brasil.
Sampaio Doria é hoje diretor de controle econômico e financeiro da Agência de Transportes do Estado de São Paulo e tem assento no conselho consultivo da Fundação Mário Covas.
A Telesp reconheceu ainda que "para alguns dos pagamentos realizados não estão disponíveis as informações sobre subcontratada, tipo de serviço e valor dos honorários, em razão do modo de arquivamento anterior ao período de privatização e além do prazo legal de sua manutenção".

Saturday, January 21, 2006

Lula é recebido no Acre com gritos a favor da reeleição


RIO BRANCO (AC) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou às 16h55m (19h55m de Brasília) à capital do Acre, onde ficará até a manhã de domingo, quando segue para a Bolívia para a posse do presidente Evo Morales. Lula, que está acompanhado do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foi recebido pelo governador Jorge Vianna (PT) e parlamentares do estado.
No saguão do aeroporto, um grupo de aproximadamente 300 militantes petistas aguardava o presidente gritando palavras de ordem a favor da reeleição como "Brasil pra frente, Lula novamente". O presidente deixou a sala vip e foi ao saguão cumprimentar os manifestantes. Lula segue agora para a casa do governador, onde passará a noite.
20/01/2006 - 13h43mLula: 'O sangue que corre nessa veia é de um retirante'
Maiá Menezes - O Globo

QUEIMADOS - Ao discursar na assinatura do termo de compromisso para a construção do Hospital Geral de Queimados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse se sentir confortável na Baixada Fluminense.
- Essa aqui é a minha gente. É a minha cara. Que não é a cara da Zona Sul, no Rio, e não é a da Avenida Paulista, mas a do povo sofrido. O sangue que corre nessa veia é de um retirante - afirmou.

Thursday, January 19, 2006

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Projeto de Lei que beneficia Estâncias é vetado pelo governador de São Paulo que continua retendo recursos dos municípios

É uma perda para 64 municípios do estado de São Paulo, que têm parte de seus recursos retidos ilegalmente pelo governo Alckmin.

O que poderia ser uma solução para a melhoria no desenvolvimento turístico das 64 cidades paulistas consideradas estâncias- permitindo a elevação do aporte de recursos para as mesmas e maior autonomia dos municípios sobre estes recursos – está ainda longe de ser realidade, ao menos por enquanto. O motivo é que o governador de São Paulo Geraldo Alckmin vetou o Projeto de Lei 715/04, de autoria do deputado Cândido Vaccarezza (PT) que havia sido aprovado pela Assembléia Legislativa no último dia 13 de dezembro. A nova lei introduzia dois novos parágrafos ao artigo 5º da Lei Estadual 7862/92 que criou o Fundo de Melhoria das Estâncias, suficientes para acabar com uma prática autoritária e ilegal do Palácio dos Bandeirantes: reter recursos dos munic&i acute;pios e assim, facilitar os acertos contábeis do Tesouro Estadual. Com as novas regras, ficaria estabelecida a obrigatoriedade de publicação mensal no Diário Oficial da relação de municípios atendidos e os respectivos valores. Além disso, toda a receita a que os municípios têm direito seria obrigatoriamente repassada durante o ano fiscal.
Segundo Vaccarezza, autor do Projeto, ”Existe a possibilidade de resolver esta situação. Para isso é necessário que os prefeitos , vereadores e lideranças populares de cada uma das Estâncias acionem os deputados através de telefonemas, cartas, telegramas, e-mails e participação em programas de rádios e televisão, com o objetivo de pressioná-los a derrubarem o veto!”.
Segundo o texto do projeto, o artigo 5º da Lei nº 7.862/92 passaria a vigorar com a seguinte redação: “A transferência e aplicação dos recursos do Fundo obedecerão aos seguintes critérios: a) 50% do total do orçamento anual, distribuídos de forma igualitária entre todas as estâncias; b) 50% restantes distribuídos proporcionalmente, segundo o percentual de formação da receita proveniente da arrecadação dos impostos municipais das estâncias. § 1º - A liberação dos recursos financeiros para os Municípios Estâncias será publicada mês a mês, no Diário Oficial do Estado. § 2º - A transferência e aplicação de recursos financeiros aprovados no orçamento anual deverão ocorrer até 31 de dezembro do exercício fiscal.

Deputado Estadual Cândido Vaccarezza

Tuesday, January 17, 2006

16/01/2006 - Berzoini: chave para eleição 2006 é a militância


O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, em entrevista à revista Época desta semana, fala sobre erros e acertos do PT e do governo Lula, sobre os planos do partido para as eleições e sobre política de alianças, entre outros assuntos.
Berzoini ressalta que o partido fechou dezembro de 2005 com 866 mil filiados - 30 mil a mais que em dezembro de 2004. Com este dado, ele aposta que o partido terá mais condições de mobilizar a militância hoje do que na eleição de 2002.
"A crise, agora, mostrou que, quando precisa, a militância vai à ação para defender o partido. Foi o que ocorreu na eleição interna do PT com a participação de 314 mil pessoas. Nenhum outro partido tem esse exército. O pessoal está consciente dos problemas, mas sabe que a história do partido é outra. A chave de nossa vitória em 2006 será mobilizar a militância. E ainda existe gente que não foi votar, militantes que não são filiados e filiações que eu recebi depois de setembro", afirmou.
Confira a entrevista publicada na revista Época:
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, coleciona tarefas espinhosas e importantes. Quando o governo Lula estava começando, ele foi escalado para ser ministro e defender a reforma da Previdência - assunto que antes poderia provocar a excomunhão do universo petista. Contrariou milhares de servidores e sindicalistas, mas ganhou pontos junto ao presidente. Lula, então, o convocou para um segundo trabalho complicado. Em janeiro de 2004, assumiu o Ministério do Trabalho num período em que as pesquisas apontavam o desemprego como principal problema do país. Desde o fim de 2005, como presidente do PT, Berzoini tem a incumbência de reerguer o partido, desgastado e endividado após o escândalo do mensalão. Nesta entrevista, ele lista os principais erros do PT, antecipa como deverá ser o discurso da reeleição e manifesta um otimismo surpreendente. Diz que o número de filiados cresceu, apesar da crise, e aposta que as urnas em outubro preservarão o tamanho da bancada petista no Congresso. Só não há otimismo para o assunto que atormenta o partido há oito meses: para Berzoini, não há meios de garantir o fim do caixa dois.
ÉPOCA - O PT vai sangrar muito?Ricardo Berzoini - Já sangrou muito e vai continuar sangrando, pois qualquer denúncia hoje contra o PT ganha ares de credibilidade só porque é contra o PT. Bandidos, juízes presos, doleiros incriminados sacam denúncias contra o PT. No primeiro momento, tratam como se fosse a coisa mais crível do mundo. O PT, por outro lado, precisa ter a capacidade de perceber que o impacto da crise foi grande. Não dá para tratar como se fosse algo menor. Mas não podemos aceitar o jogo hipócrita de quem tenta caracterizar caixa dois de campanha como corrupção. Se for assim, muitos da oposição e da situação serão enquadrados por corrupção. O fato é que temos uma legislação que incentiva o sub-registro de doações.
ÉPOCA - Lula diz que poderá não disputar a reeleição. Se esses sinais são sinceros, o que o PT vai fazer?Berzoini - Acredito que são sinceros mesmo. Ele quer ter uma avaliação sobre o tipo de campanha que vai fazer, como será a estratégia. Acho que ele está certo. Nós não podemos achar que, havendo reeleição, todo mundo tem de disputar automaticamente. O problema é que não existe nenhum nome no PT com a densidade que ele tem. A angústia do partido é essa.
ÉPOCA - Fala-se na candidatura do ministro Ciro Gomes.Berzoini - Sem Lula há vários nomes. Eu gosto muito do Ciro. Acho que ele teve um papel de extrema lealdade. Em nenhum momento tremeu. Ele poderia, como ex-candidato à Presidência, ter certo afastamento em algum momento, mas não fez isso. Sempre apresentou ponderações com relação à política econômica, mas de maneira muito reservada. Mas um assunto como esse só pode ser cogitado após uma decisão do presidente no sentido inverso ao que nós queremos.
ÉPOCA - Qual vai ser a política de alianças do PT?Berzoini - Vai depender muito da posição que o PMDB vai tomar. Um cenário é o PMDB com candidatura própria, que é o discurso oficial da direção. Outro é o PMDB sem candidato, mas dando liberdade para suas lideranças negociarem. E o terceiro cenário seria uma aliança formal PT-PMDB, que para nós seria o melhor. Os demais casos são variáveis. Temos três partidos (PTB, PL e PP) que, como o PT, estão com sua imagem desgastada, mas seguem na base do governo. No PT muita gente defende que a gente busque apenas nosso núcleo histórico, o PSB e o PCdoB. Eu acho que nós devemos tentar ampliar. ÉPOCA - Qual foi o maior acerto do governo Lula e o maior erro?Berzoini - Mesmo tendo reparos pontuais à meta de inflação para 2005, acho que o maior acerto foi ter tido a coragem de assumir uma política econômica compatível com a situação do Brasil em 2003. Além disso, a política externa, que é uma referência positiva em todo o mundo. O erro foi o de comunicação. O governo não organizou bem uma estratégia de divulgação de suas ações. Muitas vezes prevaleceram avaliações pessimistas, posições partidárias contra o governo ou irreais.
ÉPOCA - O que Lula faria no segundo mandato que não fez no primeiro?Berzoini - Muita coisa. A política econômica, que é um sucesso, precisa ter como referencial uma execução orçamentária mais ágil e linear. Precisa de uma visão fiscal com o mesmo grau de responsabilidade, mas sem obsessão. Outra questão fundamental é apontar aquilo que pode ser consolidado. No Bolsa-Família, por exemplo, o grande passo é estabelecer a porta de saída. Não queremos manter milhões de pessoas recebendo apenas para escapar da pobreza. Precisamos de instrumentos para dar perspectiva econômica a essas pessoas. Outro ponto é melhorar a eficiência do sistema financeiro. Se existe um setor de baixa eficiência no Brasil, são os bancos. Eles operam com um spread (margem de lucro) totalmente anômalo em relação aos outros países. Não precisa ir para a Europa ou os Estados Unidos. É só comparar com outros países latinos.
ÉPOCA - Por causa da crise, a tendência é que o PT sofra uma redução da bancada de deputados. Como seria possível tocar um segundo mandato com uma base ainda menor?Berzoini - Não quero ser arrogante, mas não acredito nessa tese de redução da bancada. A base do PT hoje é bem maior. Na eleição passada, tínhamos 180 prefeitos. Hoje, são quase 400. Nossa bancada era de 59 deputados. Pulou para 91. Desses, 83 vão disputar a reeleição. Temos também mais deputados estaduais e vereadores. E nossa base social e sindical não se reduziu. A CUT cresceu. Então pode haver um voto de opinião contra o PT, que está vinculado às questões da crise. Mas nós também temos o voto da base do PT e do sucesso do governo.
ÉPOCA - O PSDB deverá fazer a campanha falando em ética e eficiência. Que discurso sobrou para o PT?Berzoini - Temos vários discursos. O primeiro é o do governo que reverteu a lambança econômica que o Brasil vivia em 2002. Vamos mostrar que o Brasil passou os oito anos do governo FHC desempregando. O desemprego cresceu 50% no governo do PSDB. Os setores têxtil, de calçados, de autopeças tiveram postos de trabalho dizimados em larga escala. Nos oito anos de FHC tivemos a ausência de uma política social abrangente para os miseráveis. Então vamos fazer uma boa comparação do que foi o governo Fernando Henrique com o que foi o governo Lula.
ÉPOCA - O PT comemora a criação de 3,6 milhões de empregos. Mas na campanha Lula falava na necessidade de 10 milhões. Isso não é frustrante?Berzoini - Pegamos o país em situação pior do que se imaginava quando o programa de governo foi feito. Mas note que os 3,6 milhões em três anos são empregos formais. Isso significa que você colocou na Previdência, no Fundo de Garantia e no mercado de consumo popular um Uruguai. Mais até, pois é um Uruguai só de trabalhadores. Mas há também a ocupação da agricultura familiar, da economia informal urbana, pessoas que viraram empresários. Tudo isso cresceu.
ÉPOCA - Nesta crise, quais foram os erros mais graves cometidos pelo PT?Berzoini - Foram dois. No começo, um certo deslumbramento, o que era até esperado. E depois essa falta de controles internos. Houve uma preocupação tão grande de ser instrumento de estabilização do governo que deixaram de cuidar da discussão complicada sobre finanças.
ÉPOCA - Mas agora o senhor tem como garantir que não haverá caixa dois?Berzoini - O que podemos garantir é que a direção do PT vai ter total conhecimento sobre o que se passa. Mas, como no Brasil cada candidato cuida de suas finanças e não há voto em lista (sistema em que os eleitores votam numa lista pré-ordenada pelo partido), não dá para controlar.
ÉPOCA - Então não dá para garantir?Berzoini - Não dá para garantir que não vai ter caixa dois. Dizer o contrário é exercício de intenção. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está tentando reduzir o problema. Mas eu temo que medidas bem-intencionadas possam ser apenas formais. A norma diz que o candidato terá de divulgar informações quinzenalmente. Acho muito positivo, mas e quem eventualmente não divulgar? Qual é a capacidade do aparelho estatal de fazer auditoria? Você tem de manter uma contabilidade do começo ao fim para cada deputado, botar na internet e assegurar a veracidade. E tudo para uma coisa eventual, pois a campanha dura três meses. O partido não tem estrutura para dar assistência nesse nível a todos os candidatos.
ÉPOCA - Depois de tudo, com que cara o PT vai pedir contribuições?Berzoini - Os argumentos são os mesmos de sempre: a democracia é cara, há gastos reais e no modelo atual o financiamento é privado, não é público. Então vamos ter de buscar em nossa base e junto aos tradicionais financiadores. Acho que pode haver uma retração dos doadores tradicionais. Mas não só para o PT, para todos.
ÉPOCA - O que vai tirar mais votos: as notícias sobre a crise ou a frustração de expectativa em relação às promessas não-cumpridas?Berzoini - Os dois fatos decorrem do exercício do poder. Um é a campanha muito bem articulada pela oposição, com grande eco em setores da imprensa. Deram uma dimensão aguda, tentando sempre carimbar o PT num esquema de mensalão ou compra de votos. Só que até hoje não houve comprovação de compra de voto em nenhum momento. O que pode ter acontecido é uma maneira muito atrapalhada de gerir relações financeiras entre os partidos. Com relação ao governo, o que há, na verdade, é uma avaliação muito positiva do ponto de vista do emprego e do crescimento. Há o alcance do Bolsa-Família, o Luz para Todos, o ProUni e vários outros programas. E a mudança do padrão da economia. Ela caminhava para um processo de esgotamento e, graças à coragem do presidente de ter assumido o ônus de uma política duríssima, a situação mudou. Se você comparar os dez indicadores principais da economia antes e depois, verá que a mudança foi da água para o vinho.
ÉPOCA - O ex-ministro José Dirceu ainda exerce influência no PT?Berzoini - Ele não tem tido nenhuma atuação nesse sentido. Dirceu foi presidente do PT por oito anos e teve um papel importante por mais de 20 anos. A figura dele não é execrada pela maioria. Ao contrário, muitos o admiram. Agora ele tem tido uma postura muito digna ao não tentar influenciar o partido. Ele compreende que, neste momento, não interessa fazer isso. Mesmo se fosse só para ajudar, a interpretação externa seria a de que ele continua com um peso enorme.
ÉPOCA - O senhor conversa com o ex-tesoureiro Delúbio Soares?Berzoini - Desde que eclodiu a crise, devo ter conversado com ele três ou quatro vezes, apenas para obter informações que eu julgava absolutamente imprescindíveis. Ele tem uma estratégia que mistura defesa política com defesa jurídica. Então talvez ele não tenha condição de compartilhar com o partido as informações necessárias para fazer sua defesa jurídica. Embora eu o respeite como ser humano, por sua militância, o Delúbio cometeu erros gravíssimos e foi expulso do partido com meu voto. Mas ele não tem nenhum sinal externo de enriquecimento e está tendo uma postura digna até onde ele pode manter.
ÉPOCA - O senhor disse recentemente que o PT tem mais condições de mobilizar a militância hoje do que na eleição de 2002. Como, se o partido vive uma crise sem precedentes?Berzoini - Mas é isso mesmo. Em 2002 havia um clima tão favorável que boa parte da militância não se envolveu. Foi uma campanha profissionalizada, com boa soma de recursos. A militância participou, mas não houve aquela mobilização de outras eleições. A crise, agora, mostrou que, quando precisa, a militância vai à ação para defender o partido. Foi o que ocorreu na eleição interna do PT com a participação de 314 mil pessoas. Nenhum outro partido tem esse exército. O pessoal está consciente dos problemas, mas sabe que a história do partido é outra. A chave de nossa vitória em 2006 será mobilizar a militância. E ainda existe gente que não foi votar, militantes que não são filiados e filiações que eu recebi depois de setembro.
ÉPOCA - O senhor está dizendo que o PT tem mais filiados agora do que antes da crise?Berzoini - Esse é um dado magnífico. Recebemos muitas filiações neste período e poucas desfiliações. O movimento mais sensível foi o do pessoal ligado ao Plínio de Arruda Sampaio (ex-deputado e candidato derrotado na eleição interna que saiu do partido). Mas não foi tão significativo. Por outro lado, tivemos atos de filiação no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo. Em dezembro de 2004, o PT tinha 835 mil filiados. Eu mesmo esperava um movimento forte de desfiliação, mas fechamos dezembro de 2005 com 866 mil filiados, 30 mil pessoas a mais.

Thursday, January 12, 2006

Wednesday, January 11, 2006

AMIGOS DO ZÉ DIRCEU