Monday, September 04, 2006

No blog do Zé

Matéria publicada no blog do Zé Dirceu que mostra como o Ministro está atento a todas as questões de nossa sociedade e no que ocorre ao redor do mundo.
Como sempre, José Dirceu mostra coerência e preparo para discutir todos os assuntos pertinentes da política brasileira.
Bel
O divórcio de classes só existe na Veja
Vale a pena fazer uma análise mais profunda sobre a matéria que a Veja(para assinantes) publicou no domingo, na qual aponta um fosso entre o padrão de votos da classe média e da classe pobre. Já fiz uma nota sobre a questão e ela recebeu dezenas de comentários dos leitores.
A matéria desenvolve um raciocínio tendencioso, apontando falsas verdades estatísticas baseadas em uma análise histórica do voto que não faz sentido. Para se entender melhor o fenômeno que ocorreu no perfil de votação dos brasileiros, basta uma passada de olhos nas últimas pesquisas Ibope/Estado de São Paulo e CNT/Sensus. Nelas, a intenção de voto em Lula cresceu em todos os estratos e segmentos da sociedade, apontando uma compreensão lógica, por parte da população, das políticas sociais e econômicas do atual governo.
Esse divórcio de votos entre a classe média e a classe pobre na realidade não existe, porque a estratificação do Brasil por classes sociais caiu por terra há muito tempo, devido à impossibilidade de se ler a sociedade por faixa de renda, em um mundo com tanta mobilidade e diversidade econômica e cultural.
Hoje, o que a maioria das escolas políticas do mundo usa para estratificar a população não é renda e sim a escolaridade. A visão que as pessoas formam do mundo e a forma como elas vivem é baseada em sua capacidade de compreensão e leitura das realidades, que está diretamente ligada aos seus padrões culturais e regionais e não à renda. Desta forma, o que existe no Brasil é uma maioria da população com baixa escolaridade – 62% com até a 8ª série, de acordo com o último estudo do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), que teve uma melhora real de qualidade de vida e que vota logicamente, de acordo com suas experiências com a política e com a sua realidade.
Aí está o verdadeiro abismo, que a revista Veja não quer mostrar: a diferença gritante de um governo que investiu no povo e na melhora da qualidade de vida de todos os brasileiros. Apontar diferenças de classes, que nem existem mais, para analisar o padrão de voto de um país como o Brasil é subestimar nossa diversidade, simplificar para confundir e reforçar preconceitos. O divórcio de votos não existe. Muito pelo contrário, hoje temos uma maioria que vota lógica e linearmente no candidato Lula em função das melhoras tangíveis de seu governo no social e no econômico. E, por fim, usar o fracasso do poder de influência da classe média para explicar o fenômeno do governo Lula é voltar a um passado que nunca existiu para explicar uma realidade na qual o editores de Veja se recusam a acreditar.
Enviada por Zé Dirceu

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