Lúcia Hippolito e a dança da deputada Angela Guadagnin
Me senti no direito e no dever de escrever a respeito do comentário feito por essa senhora Lúcia Hippolito, que se apresenta como cientista política, sobre a dança da deputada petista Angela Guadagnin, no plenário da Câmara.
Até porque, ela cita as mulheres para dizer que ficou envergonhada ao assistir a cena reproduzida durante todo o dia de ontem pela internet. Classifica as imagens de dantescas e diz que o plenário da Câmara não é lugar para tais manifestações chegando inclusive a perguntar se não seria isso quebra de decoro parlamentar.
Usa a luta das mulheres por um lugar melhor na sociedade, usa as nossas conquistas alcançadas com muita determinação, força, coragem e por que não dizer, muitas vezes com muito suor e lágrimas, como forma de incitação contra a deputada Ângela Guadagnin.
Não me lembro da senhora Lúcia Hippolito demonstrando tanta indignação quando os deputados Arthur Virgílio e ACM Neto disseram que dariam uma surra no Presidente da República, também não me lembro dessa senhora se envergonhar tanto quando o senador Jorge Bornhausen disse que queria se ver livre dessa “raça”, numa clara demonstração de racismo e fascismo contra o povo representado pelo governo do PT.
Também não me lembro dessa senhora condenar com tanta veemência as cenas de socos e pontapés protagonizadas várias vezes pela direita no plenário da Câmara, nem pedir a quebra de decoro de nenhum desses parlamentares brigões.
A falta de ética no jornalismo também merecia ser alvo de sérias punições e certamente a senhora Lúcia Hippolito considera a sua postura parcial e direitista muito ética, considera a sua participação vexatória no programa do Jô à época do estouro do escândalo do suposto mensalão, rindo, galhofando e fazendo piada, principalmente do ex-ministro José Dirceu, como uma atitude perfeitamente coerente com seus princípios éticos pessoais e profissionais.
Também sou mulher e em momento algum me senti agredida com a dança da deputada, que a meu ver comemorou a absolvição de um companheiro que ela considerava inocente. Por que uma manifestação de alegria deve ser interpretada como quebra de decoro? A quem interessa transformar a alegria em um sentimento negativo? Próprio de pessoas corruptas e irresponsáveis.
Se a dança sempre foi utilizada nas mais variadas culturas, em templos sagrados desde os tempos mais remotos, para celebrar, cultuar, etc. Porque não pode ser usada no plenário da Câmara?
Essa senhora também ainda insiste na tese do mensalão, que definitivamente não ficou comprovado e continua se referindo aos deputados envolvidos, mesmo os que já foram inocentados como mensaleiros.
E o que é mais grave: incita a população a votar nulo. O que será que a jornalista pretende com esse discurso? Instaurar o anarquismo no país? Negar as instituições democráticas? Fazer o cidadão acreditar que o voto não é dentro de uma democracia um instrumento de transformação da sociedade?
Que tipo de jornalismo é esse? Cheio de rancor, falso moralista, tendencioso e carregado de interesses pessoais? Que espécie de jornalismo é esse existente no Brasil, que não tem por princípio levar a informação à sociedade, mas se alimenta de intrigas e denúncias irresponsáveis? Parafraseando Renato Russo: “Que país é esse”?
Que país é esse em que um caseiro de caráter duvidoso afronta um ministro de estado, desafia a Polícia Federal, possui 35 ou 38 mil em sua conta bancária e admite ser o dinheiro fruto de uma extorsão, por ele feita a um suposto pai e mesmo assim esse caseiro é considerado uma pessoa honesta? Fosse ele o dono da casa e todos esses antecedentes também o colocariam no rol das pessoas que não inspiram confiança, não é a condição social que determina o caráter de uma pessoa.
Não vamos querer agora entrar na onda da senhora Lúcia Hippolito e começar a ter vergonha de rir, dançar e celebrar a vida quando tivermos vontade. Os anos da repressão já se foram, vivemos em um país livre e não podemos cercear as manifestações de sentimentos positivos como a alegria.
Bel
Samba da vergonha
Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"Escândalo, escárnio, deboche, desrespeito, pasmo.Nenhum destes substantivos parece suficientemente abrangente para classificar a cena grotesca acontecida na madrugada de ontem na Câmara dos Deputados.
Uma deputada federal foi protagonista de uma das cenas mais inacreditáveis jamais acontecidas dentro do prédio do Congresso Nacional.Ao final da votação que absolveu mais um deputado mensaleiro do PT, a deputada petista Angela Guadagnin pôs-se a dançar de alegria com a absolvição do companheiro.
Ontem, durante o dia inteiro essas imagens dantescas correram o país pela Internet.Mas o principal sentimento foi mesmo de vergonha.
As mulheres vêm lutando há décadas para conquistar um lugar ao sol. Trabalhando, dando duro, estudando, prestando concursos rigorosíssimos, submetendo-se a eleições, enfim, batalhando para serem levadas a sério.
E aí aparece uma deputada, ex-prefeita de uma importante cidade paulista, portanto não se trata de uma marinheira de primeira viagem.E a deputada se põe a sambar, enquanto mais uma absolvição estapafúrdia acontecia no plenário da Câmara dos Deputados.
No Conselho de Ética da Câmara, a deputada petista tem votado sistematicamente pela absolvição de seus companheiros. Votou pela cassação só dos ex-deputados Roberto Jefferson e Pedro Correia. Para todos os outros, pediu absolvição.OK, faz parte do jogo. A deputada está no seu direito.
E é digno de respeito o fato de ela se expor, pronunciar seu voto em voz alta e não ter nenhum problema em apoiar companheiros envolvidos nos escândalo do mensalão.Mas o plenário da Câmara não é lugar para danças. Talvez numa churrascaria, num pagode ou num salão de baile, a deputada pudesse dar vazão a seus sentimentos de alegria com a absolvição do companheiro.Mas nunca no plenário da Câmara.
O que vai acontecer no dia em que a deputada estiver muito triste? Vai atear fogo às vestes ou cortar os pulsos dentro do plenário da Câmara?Francamente, certas pessoas, sobretudo certas autoridades, perderam inteiramente a compostura, perderam inteiramente o pudor.
Aliás, fica aqui a pergunta: este tipo de comportamento não configura quebra do decoro parlamentar?Por essas e outras, cresce a campanha pelo voto nulo ou pela renovação total da Câmara dos Deputados.
É uma pena."
Até porque, ela cita as mulheres para dizer que ficou envergonhada ao assistir a cena reproduzida durante todo o dia de ontem pela internet. Classifica as imagens de dantescas e diz que o plenário da Câmara não é lugar para tais manifestações chegando inclusive a perguntar se não seria isso quebra de decoro parlamentar.
Usa a luta das mulheres por um lugar melhor na sociedade, usa as nossas conquistas alcançadas com muita determinação, força, coragem e por que não dizer, muitas vezes com muito suor e lágrimas, como forma de incitação contra a deputada Ângela Guadagnin.
Não me lembro da senhora Lúcia Hippolito demonstrando tanta indignação quando os deputados Arthur Virgílio e ACM Neto disseram que dariam uma surra no Presidente da República, também não me lembro dessa senhora se envergonhar tanto quando o senador Jorge Bornhausen disse que queria se ver livre dessa “raça”, numa clara demonstração de racismo e fascismo contra o povo representado pelo governo do PT.
Também não me lembro dessa senhora condenar com tanta veemência as cenas de socos e pontapés protagonizadas várias vezes pela direita no plenário da Câmara, nem pedir a quebra de decoro de nenhum desses parlamentares brigões.
A falta de ética no jornalismo também merecia ser alvo de sérias punições e certamente a senhora Lúcia Hippolito considera a sua postura parcial e direitista muito ética, considera a sua participação vexatória no programa do Jô à época do estouro do escândalo do suposto mensalão, rindo, galhofando e fazendo piada, principalmente do ex-ministro José Dirceu, como uma atitude perfeitamente coerente com seus princípios éticos pessoais e profissionais.
Também sou mulher e em momento algum me senti agredida com a dança da deputada, que a meu ver comemorou a absolvição de um companheiro que ela considerava inocente. Por que uma manifestação de alegria deve ser interpretada como quebra de decoro? A quem interessa transformar a alegria em um sentimento negativo? Próprio de pessoas corruptas e irresponsáveis.
Se a dança sempre foi utilizada nas mais variadas culturas, em templos sagrados desde os tempos mais remotos, para celebrar, cultuar, etc. Porque não pode ser usada no plenário da Câmara?
Essa senhora também ainda insiste na tese do mensalão, que definitivamente não ficou comprovado e continua se referindo aos deputados envolvidos, mesmo os que já foram inocentados como mensaleiros.
E o que é mais grave: incita a população a votar nulo. O que será que a jornalista pretende com esse discurso? Instaurar o anarquismo no país? Negar as instituições democráticas? Fazer o cidadão acreditar que o voto não é dentro de uma democracia um instrumento de transformação da sociedade?
Que tipo de jornalismo é esse? Cheio de rancor, falso moralista, tendencioso e carregado de interesses pessoais? Que espécie de jornalismo é esse existente no Brasil, que não tem por princípio levar a informação à sociedade, mas se alimenta de intrigas e denúncias irresponsáveis? Parafraseando Renato Russo: “Que país é esse”?
Que país é esse em que um caseiro de caráter duvidoso afronta um ministro de estado, desafia a Polícia Federal, possui 35 ou 38 mil em sua conta bancária e admite ser o dinheiro fruto de uma extorsão, por ele feita a um suposto pai e mesmo assim esse caseiro é considerado uma pessoa honesta? Fosse ele o dono da casa e todos esses antecedentes também o colocariam no rol das pessoas que não inspiram confiança, não é a condição social que determina o caráter de uma pessoa.
Não vamos querer agora entrar na onda da senhora Lúcia Hippolito e começar a ter vergonha de rir, dançar e celebrar a vida quando tivermos vontade. Os anos da repressão já se foram, vivemos em um país livre e não podemos cercear as manifestações de sentimentos positivos como a alegria.
Bel
Samba da vergonha
Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"Escândalo, escárnio, deboche, desrespeito, pasmo.Nenhum destes substantivos parece suficientemente abrangente para classificar a cena grotesca acontecida na madrugada de ontem na Câmara dos Deputados.
Uma deputada federal foi protagonista de uma das cenas mais inacreditáveis jamais acontecidas dentro do prédio do Congresso Nacional.Ao final da votação que absolveu mais um deputado mensaleiro do PT, a deputada petista Angela Guadagnin pôs-se a dançar de alegria com a absolvição do companheiro.
Ontem, durante o dia inteiro essas imagens dantescas correram o país pela Internet.Mas o principal sentimento foi mesmo de vergonha.
As mulheres vêm lutando há décadas para conquistar um lugar ao sol. Trabalhando, dando duro, estudando, prestando concursos rigorosíssimos, submetendo-se a eleições, enfim, batalhando para serem levadas a sério.
E aí aparece uma deputada, ex-prefeita de uma importante cidade paulista, portanto não se trata de uma marinheira de primeira viagem.E a deputada se põe a sambar, enquanto mais uma absolvição estapafúrdia acontecia no plenário da Câmara dos Deputados.
No Conselho de Ética da Câmara, a deputada petista tem votado sistematicamente pela absolvição de seus companheiros. Votou pela cassação só dos ex-deputados Roberto Jefferson e Pedro Correia. Para todos os outros, pediu absolvição.OK, faz parte do jogo. A deputada está no seu direito.
E é digno de respeito o fato de ela se expor, pronunciar seu voto em voz alta e não ter nenhum problema em apoiar companheiros envolvidos nos escândalo do mensalão.Mas o plenário da Câmara não é lugar para danças. Talvez numa churrascaria, num pagode ou num salão de baile, a deputada pudesse dar vazão a seus sentimentos de alegria com a absolvição do companheiro.Mas nunca no plenário da Câmara.
O que vai acontecer no dia em que a deputada estiver muito triste? Vai atear fogo às vestes ou cortar os pulsos dentro do plenário da Câmara?Francamente, certas pessoas, sobretudo certas autoridades, perderam inteiramente a compostura, perderam inteiramente o pudor.
Aliás, fica aqui a pergunta: este tipo de comportamento não configura quebra do decoro parlamentar?Por essas e outras, cresce a campanha pelo voto nulo ou pela renovação total da Câmara dos Deputados.
É uma pena."
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