Entrevista com Dirceu 2 - *Blog do Noblat.
Lula faz o melhor governo que o país já teve desde o fim do regime militar em 1985, imagina Dirceu enquanto sorve um cálice de licor e levanta da cadeira para se despedir do deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP) que passou pelo restaurante só para encontrá-lo.
“O dólar barato empurra a inflação para baixo, aumenta a renda do trabalhador e barateia o preço da cesta básica”, explica Dirceu. “O povo sente tudo isso no seu próprio bolso. É por isso que Lula continua popular.”
A desdolarização da dívida pública foi a maior realização do governo Lula até aqui, anota Dirceu. Outros dois feitos: a redução da taxa de juros e a criação de empregos.
“O governo chegará ao fim deste ano tendo criado algo como cinco milhões de empregos na economia formal”, projeta Dirceu. “Se somados aos empregos da economia informal, serão 10 milhões. Os brasileiros não terão dificuldade alguma para acreditar na promessa de Lula de que criará sete milhões de empregos em um eventual segundo mandato. Até 2010, a taxa de desemprego cairá para 4%, 4,5%. Os programas sociais darão conta dos desempregados”.
A situação do país poderia ser ainda melhor se Lula não tivesse avalizado uma política econômica tão ortodoxa como a do ministro Antonio Palocci. “No mundo, só o Brasil foi capaz de combinar juros altos com um superávit primário tão elevado”, estoca Dirceu.
“Por causa disso, o governo não investiu em tecnologia e na recuperação das estradas, só para citar duas coisas. É uma vergonha que depois de oito anos de Fernando Henrique e de três de Lula as estradas ainda estejam esburacadas. Os responsáveis por isso deveriam ser fuzilados. Depois a gente comeria uma feijoada e esqueceria o assunto”.
Enquanto foi ministro, assistiu em diversas ocasiões a opinião da área econômica do governo ser derrotada. Lula então mandava liberar dinheiro para obras e programas. E o que acontecia? “Nada. O Tesouro não cumpria a programação de desembolso autorizada pelo próprio presidente”, acusa.
Foi por isso que ele colecionou tantos atritos com Palocci, embora faça questão de dizer que continua seu amigo. “Quando eu estava para ser cassado, ninguém foi mais solidário comigo do que Palocci”, reconhece. “Muitos dentro do governo se acovardaram. E eu paguei tudo sozinho”.
O governo paga o preço, no mínimo, por dois formidáveis erros, constata Dirceu: subestimou “a força da direita que pressionou fortemente a mídia contra Lula e o PT”; e deixou o PT ao desamparo quando escalou 40 dos seus 50 principais dirigentes para cargos na administração pública.
“Deveria ter mobilizado a sua base social para se contrapor à pressão da direita. Eu mesmo deveria ter ficado à frente do PT. Assim poderia tê-lo levado a se opor a tudo com o que não concordávamos. Eu tinha o partido na mão. Poderia ter organizado uma resistência”, analisa o ex-guerrilheiro.
Ao dar a conversa por terminada (mais um monólogo do que uma conversa de fato), o ex-chefe da Casa Civil apaga o charuto que fumou pela metade, informa ao dono do restaurante que em breve reforçará o estoque particular de charutos que mantém ali, despede-se de meia dúzia de amigos que ouviram com atenção seu desabafo, e arremata com ênfase:
Lula faz o melhor governo que o país já teve desde o fim do regime militar em 1985, imagina Dirceu enquanto sorve um cálice de licor e levanta da cadeira para se despedir do deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP) que passou pelo restaurante só para encontrá-lo.
“O dólar barato empurra a inflação para baixo, aumenta a renda do trabalhador e barateia o preço da cesta básica”, explica Dirceu. “O povo sente tudo isso no seu próprio bolso. É por isso que Lula continua popular.”
A desdolarização da dívida pública foi a maior realização do governo Lula até aqui, anota Dirceu. Outros dois feitos: a redução da taxa de juros e a criação de empregos.
“O governo chegará ao fim deste ano tendo criado algo como cinco milhões de empregos na economia formal”, projeta Dirceu. “Se somados aos empregos da economia informal, serão 10 milhões. Os brasileiros não terão dificuldade alguma para acreditar na promessa de Lula de que criará sete milhões de empregos em um eventual segundo mandato. Até 2010, a taxa de desemprego cairá para 4%, 4,5%. Os programas sociais darão conta dos desempregados”.
A situação do país poderia ser ainda melhor se Lula não tivesse avalizado uma política econômica tão ortodoxa como a do ministro Antonio Palocci. “No mundo, só o Brasil foi capaz de combinar juros altos com um superávit primário tão elevado”, estoca Dirceu.
“Por causa disso, o governo não investiu em tecnologia e na recuperação das estradas, só para citar duas coisas. É uma vergonha que depois de oito anos de Fernando Henrique e de três de Lula as estradas ainda estejam esburacadas. Os responsáveis por isso deveriam ser fuzilados. Depois a gente comeria uma feijoada e esqueceria o assunto”.
Enquanto foi ministro, assistiu em diversas ocasiões a opinião da área econômica do governo ser derrotada. Lula então mandava liberar dinheiro para obras e programas. E o que acontecia? “Nada. O Tesouro não cumpria a programação de desembolso autorizada pelo próprio presidente”, acusa.
Foi por isso que ele colecionou tantos atritos com Palocci, embora faça questão de dizer que continua seu amigo. “Quando eu estava para ser cassado, ninguém foi mais solidário comigo do que Palocci”, reconhece. “Muitos dentro do governo se acovardaram. E eu paguei tudo sozinho”.
O governo paga o preço, no mínimo, por dois formidáveis erros, constata Dirceu: subestimou “a força da direita que pressionou fortemente a mídia contra Lula e o PT”; e deixou o PT ao desamparo quando escalou 40 dos seus 50 principais dirigentes para cargos na administração pública.
“Deveria ter mobilizado a sua base social para se contrapor à pressão da direita. Eu mesmo deveria ter ficado à frente do PT. Assim poderia tê-lo levado a se opor a tudo com o que não concordávamos. Eu tinha o partido na mão. Poderia ter organizado uma resistência”, analisa o ex-guerrilheiro.
Ao dar a conversa por terminada (mais um monólogo do que uma conversa de fato), o ex-chefe da Casa Civil apaga o charuto que fumou pela metade, informa ao dono do restaurante que em breve reforçará o estoque particular de charutos que mantém ali, despede-se de meia dúzia de amigos que ouviram com atenção seu desabafo, e arremata com ênfase:
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