ENTREVISTA COM JOSÉ DIRCEU.
“A chave da próxima eleição presidencial é o PMDB. Se Lula e o PT tiverem cabeça, se aliarão ao PMDB para vencer e governar depois”, aconselha o ex-ministro da Casa Civil da presidência da República e ex-deputado José Dirceu de volta a Brasília e à política.
Durante dois dias, despachou com ministros, senadores, deputados e representantes de movimentos sociais. Ao todo foram 15 reuniões. A pedido do PT local, fez uma palestra de três horas para seus militantes na noite da última quarta-feira.
Na manhã de ontem, embarcou para o Rio de Janeiro. Passará o fim de semana em São Paulo ocupado com mais reuniões.
“O PT tem dois bons nomes para o governo de São Paulo, a Marta Suplicy e o Aloizio Mercadante. Mas eu, pessoalmente, estou engajado na campanha da Marta”, revela descontraído enquanto desfruta um charuto cubano refestelado em uma mesa de canto restaurante Piantella.
“Na capital, 70% do meu pessoal apóiam a Marta. No interior, 70% apóiam o Mercadante. Qualquer um deles será um bom governador.” O PT não governa Estados importantes.
É por isso que Dirceu defende a idéia de o PT apoiar candidatos do PMDB aos governos de nove Estados em troca do apoio do PMDB à reeleição de Lula.
- Podemos apoiar candidatos do PMDB em Estados como Amazonas, Pará, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo Goiás, Paraná e Santa Catarina, pelo menos. Mas será que o PT estará disposto a se entender com Jader Barbalho no Pará, por exemplo? E com Maguito Vilela em Goiás? – indaga Dirceu.
Ele identifica, pelo menos, duas fortes razões para que o PT se junte ao PMDB. A primeira: “Nenhum partido elegerá mais de 100 deputados federais”. Nas contas do ex-ministro, o PT na Câmara, que soma 90 deputados, deverá ficar 20% menor. Portanto, “para governar será preciso fazer alianças, mas alianças de verdade”.
Segunda razão: “O DNA do PMDB é desenvolvimentista e nacionalista, muito parecido com o nosso”, considera Dirceu. “O PSDB não tem nada disso. Ele hoje expressa o pensamento e as posições dos setores mais conservadores da sociedade”.
Dirceu aposta que o PMDB não realizará as prévias marcadas para escolher em 19 de março seu candidato à sucessão de Lula
– Garotinho ou o governador Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul. Mas se realizar, acredita que mesmo assim e até junho o PMDB anunciará seu apoio a Lula.
“Só dependerá de duas coisas: de Lula continuar crescendo nas pesquisas de intenção de voto e da competência dele e do PT para fechar a aliança”, imagina Dirceu. Uma vez que isso ocorra, o PT será obrigado “a compartilhar a coordenação da campanha de Lula com o PMDB e com os demais partidos aliados”.
- Se Lula atrair o apoio do PMDB, um terço de sua reeleição estará resolvida – decreta Dirceu. “E para mim, nada é mais importante do que a reeleição de Lula. Nada”.
No momento, o ex-ministro calcula que o eleitorado se distribua mais ou menos assim: 40% inclinados a votar em Lula e 40% em José Serra. Dirceu parece convencido de que a eleição “será decidida no primeiro turno”. Não está tão certo, porém, de que o adversário de Lula será o atual prefeito de São Paulo.
“As elites preferem Geraldo Alckmin. Elas temem Serra. E até serão capazes de preferir Lula porque já o conhecem e sabem que ele é um caminho seguro”, especula. “A Rede Globo, por exemplo, é contra o impeachment e a reeleição. Mas para evitar Serra, ela poderá ficar com Lula”.
Apesar de ser de esquerda, Lula “é um político por natureza conservador”, testemunha Dirceu. “Eu, por exemplo, sou da esquerda moderada. Tem muitos radicais no PT. Mas Lula, não. Ele é conservador. E entre uma opção com risco e outra sem, ele sempre ficará com a segunda. É o jeito dele. Tem a ver com a origem social dele”, admite.
“Nos idos de 70, um metalúrgico do ABC paulista tinha uma casa na cidade, um pequeno sítio e um carro. Eu, que era da classe média, não tinha nada disso. Morava de aluguel. E o aluguel era pago por minha mulher”.
De certa forma, até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está empenhado em “ajudar a reeleição de Lula”, confere Dirceu. “Desconfio que ele se filiou ao PT. Porque o que ele anda dizendo contra o governo só beneficia Lula”, ironiza.
*Blog do Noblat.
“A chave da próxima eleição presidencial é o PMDB. Se Lula e o PT tiverem cabeça, se aliarão ao PMDB para vencer e governar depois”, aconselha o ex-ministro da Casa Civil da presidência da República e ex-deputado José Dirceu de volta a Brasília e à política.
Durante dois dias, despachou com ministros, senadores, deputados e representantes de movimentos sociais. Ao todo foram 15 reuniões. A pedido do PT local, fez uma palestra de três horas para seus militantes na noite da última quarta-feira.
Na manhã de ontem, embarcou para o Rio de Janeiro. Passará o fim de semana em São Paulo ocupado com mais reuniões.
“O PT tem dois bons nomes para o governo de São Paulo, a Marta Suplicy e o Aloizio Mercadante. Mas eu, pessoalmente, estou engajado na campanha da Marta”, revela descontraído enquanto desfruta um charuto cubano refestelado em uma mesa de canto restaurante Piantella.
“Na capital, 70% do meu pessoal apóiam a Marta. No interior, 70% apóiam o Mercadante. Qualquer um deles será um bom governador.” O PT não governa Estados importantes.
É por isso que Dirceu defende a idéia de o PT apoiar candidatos do PMDB aos governos de nove Estados em troca do apoio do PMDB à reeleição de Lula.
- Podemos apoiar candidatos do PMDB em Estados como Amazonas, Pará, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo Goiás, Paraná e Santa Catarina, pelo menos. Mas será que o PT estará disposto a se entender com Jader Barbalho no Pará, por exemplo? E com Maguito Vilela em Goiás? – indaga Dirceu.
Ele identifica, pelo menos, duas fortes razões para que o PT se junte ao PMDB. A primeira: “Nenhum partido elegerá mais de 100 deputados federais”. Nas contas do ex-ministro, o PT na Câmara, que soma 90 deputados, deverá ficar 20% menor. Portanto, “para governar será preciso fazer alianças, mas alianças de verdade”.
Segunda razão: “O DNA do PMDB é desenvolvimentista e nacionalista, muito parecido com o nosso”, considera Dirceu. “O PSDB não tem nada disso. Ele hoje expressa o pensamento e as posições dos setores mais conservadores da sociedade”.
Dirceu aposta que o PMDB não realizará as prévias marcadas para escolher em 19 de março seu candidato à sucessão de Lula
– Garotinho ou o governador Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul. Mas se realizar, acredita que mesmo assim e até junho o PMDB anunciará seu apoio a Lula.
“Só dependerá de duas coisas: de Lula continuar crescendo nas pesquisas de intenção de voto e da competência dele e do PT para fechar a aliança”, imagina Dirceu. Uma vez que isso ocorra, o PT será obrigado “a compartilhar a coordenação da campanha de Lula com o PMDB e com os demais partidos aliados”.
- Se Lula atrair o apoio do PMDB, um terço de sua reeleição estará resolvida – decreta Dirceu. “E para mim, nada é mais importante do que a reeleição de Lula. Nada”.
No momento, o ex-ministro calcula que o eleitorado se distribua mais ou menos assim: 40% inclinados a votar em Lula e 40% em José Serra. Dirceu parece convencido de que a eleição “será decidida no primeiro turno”. Não está tão certo, porém, de que o adversário de Lula será o atual prefeito de São Paulo.
“As elites preferem Geraldo Alckmin. Elas temem Serra. E até serão capazes de preferir Lula porque já o conhecem e sabem que ele é um caminho seguro”, especula. “A Rede Globo, por exemplo, é contra o impeachment e a reeleição. Mas para evitar Serra, ela poderá ficar com Lula”.
Apesar de ser de esquerda, Lula “é um político por natureza conservador”, testemunha Dirceu. “Eu, por exemplo, sou da esquerda moderada. Tem muitos radicais no PT. Mas Lula, não. Ele é conservador. E entre uma opção com risco e outra sem, ele sempre ficará com a segunda. É o jeito dele. Tem a ver com a origem social dele”, admite.
“Nos idos de 70, um metalúrgico do ABC paulista tinha uma casa na cidade, um pequeno sítio e um carro. Eu, que era da classe média, não tinha nada disso. Morava de aluguel. E o aluguel era pago por minha mulher”.
De certa forma, até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está empenhado em “ajudar a reeleição de Lula”, confere Dirceu. “Desconfio que ele se filiou ao PT. Porque o que ele anda dizendo contra o governo só beneficia Lula”, ironiza.
*Blog do Noblat.
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