Friday, January 26, 2007

O Copom e o PAC

Repercutiu a declaração em que Zé Dirceu pede, no seu blog, a renúncia do presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Dirceu está certo na sua indignação. A definição da Selic influencia vários pontos da economia e da vida do cidadão comum: o tamanho da dívida do governo, a necessidade de superávit primário, as taxas de juros praticadas no mercado para financiamento, por exemplo. No entanto a maior conseqüência da redução de apenas 0,25 pp da taxa básica foi, a meu ver, no ânimo da sociedade na execução do PAC. Dias após o presidente Lula apresentar ao país um projeto vigoroso de investimentos (mais de meio trilhão de reais) e pedir que os brasileiros acreditem nele e no esforço em prol do desenvolvimento que o governo está disposto a fazer para que sua meta se concretize, aparece o Bacen e joga uma ducha de água fria nas expectativas de empresários, trabalhadores e do próprio governo. A pergunta é: por que reduzir em 0,25 pp? Se analisarmos as condições atuais da economia não há justificativa plausível para tal atitude, senão vejamos: não adianta dizer que os gastos do governo estão absurdamente elevados, pois isto não está pressionando a demanda interna, a inflação não está em trajetória ascendente (pelo contrário, ficou abaixo da meta estabelecida pelo governo), as nossa taxa de juros interna está muito, mas muito acima do nível internacional, portanto não há hipótese de fuga de capitais. Qual seria o motivo então? Minha resposta: a necessidade o Banco Central de afirmar o quanto é “independente”. Mas independente de que? E de quem? Das urnas como bem lembrou Dirceu? Da sociedade? Dos empresários e trabalhadores? Do país? É a velha ladainha :” o que o mercado irá pensar se o governo intervir no Banco Central?” Cumpre lembrar que o Bacen é parte do governo, não age fora ou a margem dele como podem “pregar” alguns ortodoxos de plantão. Aí que está o cerne da questão. Se a Selic ao nível que está desanima os investidores, onera o governo, encarece o financiamento, o que vai contra o PAC, por que então a falta de sintonia? É isto que temos que questionar. Formar nossa própria opinião, discutir e pressionar. O governo somos nós, sim, pois nós o elegemos e nós o sustentamos. E o PAC faz parte do governo assim como o Banco Central. Daí a razão da indignação.
Patrícia
OBS: Para entender melhor o PAC veja aqui.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Li um comentário do Sr. Gustavo Franco dizendo que o PAC não passa de um programa cheio de "setinhas e projetos", que será inofensivo porque não ataca a questão chave: melhorar o ambiente de negócios no Brasil (reformas trabalhista, fiscal e tributária). Acho isso um monte de bobagens. O Brasil só voltará a crescer quando o Estado retomar sua vocação de planejador, interventor e investidor. Talvez tenha que se fazer um pequeno ajuste no PAC: mais gasto - e investimento - público.

7:51 AM  
Anonymous Anonymous said...

Certissimo o Zé Dirceu em questionar o Banco Central e seu presidente. Já que os mesmos estão tomando suas decisões em confronto com a vontade soberana do povo brasileiro, que nas urnas votou por mais desenvolvimento econômico e social.

7:46 AM  
Anonymous Anonymous said...

Cinco ex-presidentes do BNDES no banco dos réus

Dezessete ex-executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre eles cinco ex-presidentes, estão sendo processados na 5ª Vara Federal Criminal do Rio, acusados de gestão temerária e crime contra o sistema financeiro. O autor da ação é o Ministério Público Federal (MPF) no RJ.

Entre os acusados estão os ex-presidentes do banco Luiz Carlos Mendonça de Barros, José Pio Borges, Andrea Calabi, Francisco Gros e Eleazar de Carvalho Filho.

O MPF argumenta que ocorreram irregularidades na concessão de empréstimo para a privatização da Eletropaulo, do governo de São Paulo, para a uma então subsidiária da Light, controlada à época pela AES, EDF, Houston Industries Energy, BNDESPar e CSN.

Em abril de 1988, a diretoria do banco decidiu financiar até 50% do preço mínimo do leilão, o equivalente a R$ 1,013 bilhão. O MPF alega que deixaram de ser levadas em conta normas de segurança bancária, gerando risco à instituição de fomento.

4:02 AM  

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