JÚLIO DELGADO E RICARDO IZAR SÃO MENTIROSOS E CALUNIADORES. VEJAM QUEM ERA O BOB MARQUES. CASSARAM JOSÉ DIRCEU SEM PROVAS E COM MUITA MENTIRA. HIPÓCRITAS! O BRASIL ASSISTIRÁ A DECADÊNCIA DE VOCÊS!
Motorista acusa senador. - * Correio braziliense
Ex-funcionário do gabinete de Jucá confessa, em gravação obtida pela Polícia Federal, ser o verdadeiro Roberto Marques que retirou R$ 50 mil de Marcos Valério no Banco Rural em 2004.
Ex-ministro nega.
Luciene Soares, Rodrigo Lopes e Marcelo Rocha da equipe do Correio
Romero Jucá nega ter ordenado o saque no banco Rural, mas ex-motorista continua sob sua proteção em Boa Vista
Uma conversa gravada em fita cassete pode ajudar a esclarecer um dos enigmas ainda não desvendados no escândalo do mensalão. Nela, o ex-motorista do senador Romero Jucá (PMDB- RR), e hoje funcionário da prefeitura de Boa Vista (RR), Roberto Jefferson Marques, afirma a um interlocutor ser o Roberto Marques autorizado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza a sacar dinheiro das contas da agência SMPB. As suspeitas, até o momento, pairam sobre o homônimo, amigo, assessor e carregador de malas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
No diálogo, ao qual o Correio Braziliense teve acesso, o ex-motorista de Romero Jucá afirma ter retirado R$ 50 mil no Banco Rural, em Brasília, em junho de 2004, a pedido do próprio senador. Ele afirma ainda ter chegado ao banco e procurado uma pessoa de nome André — funcionário que o teria levado a uma sala e lhe pedido para assinar o recibo. “Eu peguei e só rubriquei Roberto Marques. Não quis botar identidade, e o cara não conferiu. Não conferiu, realmente”, sustenta.
O assessor disse que não foi preciso mencionar ao funcionário do Rural o nome do senador peemedebista, mas apenas o seu próprio nome para retirar os valores. “Eu só cheguei lá (no banco) e disse: ‘Meu nome é Roberto Jefferson Marques’. Aí, o cara falou: ‘Ah, tudo bem’. Só isso. E me entregou um envelope amarelo, grampeado em cima. Não abri, não fiz nada.”
Roberto Marques alega que não sabia quanto de dinheiro havia no envelope. Teria recebido o pacote e entregado a Romero Jucá em Brasília. Em seguida, acrescenta o assessor, foi a Belo Horizonte levar o carro do senador. Disse que o patrão viajou de avião para a capital mineira. Marques explicou ainda que o chefe tinha uma amiga naquela cidade e a visitava com certa freqüência. Noutro trecho da gravação, Marques afirma ter entregue o dinheiro a um amigo de Jucá chamado Magela.
Segundo Marques, que trabalhava como motorista no gabinete de Roraima, o senador apenas o pediu para ele ir a Brasília buscar uma encomenda no Rural, sem mais detalhes. “Xuxa (apelido de Roberto Marques em Boa Vista ), tu vai para Brasília e vai pegar uma encomenda para mim no banco tal (Rural) porque eu não vou estar lá, vou estar em São Paulo”, teria dito Jucá ao assessor.
Com as denúncias sobre a existência do mensalão em meados do ano passado, prossegue Roberto Marques na gravação, o assessor teria procurado Romero Jucá para pedir explicações sobre o caso. “Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque, se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (Brasília) logo. Me manda para Belém”, teria afirmado.
O senador, de acordo com as declarações do assessor, teria perguntado o que fez no banco. E ele respondeu que apenas assinou o nome em um recibo. E foi, então, tranqüilizado por Jucá, de que não haveria nenhum problema. “Aí, eu peguei e foi quando eu cheguei a viajar. Aí, fui, passei um mês e pouco para lá (Belém). Aí, não deu nada, não chamaram. Aí, descobriram aquele tal de Roberto Marques que trabalha com o ministro (ex-ministro josé dirceu), mas o cara provou que não era ele, não sei como”, disse Roberto lembrando da conversa que teve, na época, com o ex-patrão.
Roberto Marques disse que o exame grafotécnico — comparação da assinatura no recibo do Banco Rural, com sua caligrafia — poderá comprovar ter sido ele o autor do saque. Roberto Marques foi nomeado no gabinete de Romero Jucá em 20 de abril de 2004, no cargo de assistente parlamentar AP 05. Ele trabalhou no Senado até 1° de abril de 2005, quando foi exonerado pelo suplente Wirlandes da Luz, que assumiu o mandato quando Jucá foi ocupar o cargo de ministro da Previdência. Em poder da Polícia Federal, a fita já passou por uma análise preliminar de peritos, que reconheceram haver interrupções, mas sem montagem nas gravações. Também confirmaram se tratar da voz de Roberto Marques, conforme comparação com uma outra gravação da voz do ex-assessor.
Na fita, o motorista conta ainda que depois que deixou o gabinete do senador não conseguiu mais conversar sobre o episódio com ele. Em outubro de 2005, desempregado, teria procurado Jucá novamente, mas sem sucesso. Afirma ter pedido a um assessor de Jucá em Boa Vista para dizer ao ex-patrão que estava no sufoco financeiro e que precisava de dinheiro para pagar a pensão alimentícia dos filhos e o aluguel de casa — segundo ele, vencido há quatro meses —, mas não teve resposta.
Desempregado A fita cassete em que Roberto Marques faz as revelações foi gravada no final de outubro de 2005, durante uma conversa no interior de um veículo. O interlocutor de Marques, que fez a gravação, prefere não se identificar. Na época, Marques estava desempregado. Depois que tomou conhecimento do que dizia seu ex-motorista, o senador voltou a empregá-lo. Hoje, trabalhando na Prefeitura de Boa Vista, cuja titular é Tereza Jucá, mulher de Romero Jucá, ele nega ter feito saques a pedido do senador, e disse também desconhecer qualquer coisa relacionada ao assunto.
Procurado pela reportagem, o gabinete do senador Romero Jucá em Brasília confirma que Roberto Jefferson Marques foi nomeado assistente parlamentar em março de 2004, para exercer a função de motorista do gabinete de apoio de Jucá em Boa Vista, e exonerado em abril de 2005. No período, segundo a assessoria, não houve ordem ou exigência por parte do parlamentar ou de funcionários do gabinete para que ele viajasse de Roraima a outro lugar do país. “O senador Romero Jucá repudia a acusação e afirma, veementemente, que não teve ou tem envolvimento de qualquer espécie com o Banco Rural ou com os saques atribuídos ao esquema chamado valerioduto”, afirma a nota.
A CPI dos Correios investiga a participação de outros parlamentares, além dos 18 já conhecidos, no esquema do mensalão. A partir de uma lista de servidores da Câmara, os técnicos da comissão tentam encontrar outros sacadores. Também está sendo feito o cruzamento de dados sobre esses saques com registros bancários das corretoras Bônus-Banval e Guaranhuns. As duas operaram com alguns dos 14 fundos de pensão investigados pelos congressistas, e suspeita-se que tenham sido usadas para abastecer o esquema de corrupção. Nessa nova lista, estaria, de acordo com informações já divulgadas na imprensa, o deputado Nilton Baiano (PP-ES). Um assessor dele teria recebido R$ 100 mil. A CPI não confirma nem desmente a informação.
Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque, se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (Brasília) logo. Me manda para Belém
Roberto Marques, ex-assessor do Senado ao questionar Romero Jucá sobre a divulgação de nomes de scadores do mensalão no Banco Rural
Confusão
Em 2005, a PF apreendeu no Banco Rural, entre recibos de sacadores do mensalão, um que trazia o nome de Roberto Marques, a quem era atribuída retirada de R$ 50 mil. A descoberta provocou frisson na oposição, que viu no documento um indício de participação de josé dirceu — o ex-ministro tinha um assessor chamado Roberto Marques (foto) —, com o caixa 2 do PT. Marcos Valério disse que a determinação para incluir o nome na lista partiu do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que depois mandou substitui-lo pelo funcionário de uma corretora.
“Ele é o chefe; faço o que ele manda”
Motorista do senador Romero Jucá conta como pegou R$ 50 mil do valerioduto a mando do patrão. E revela que foi desligado do gabinete do parlamentar quando o escândalo do mensalão foi denunciado
Xuxa é o apelido do motorista do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro da Previdência do governo Lula, ex-líder no Senado do governo Fernando Henrique e um dos parlamentares mais ativos da comissão do Congresso que elabora a lei orçamentária.
O verdadeiro nome de Xuxa é Roberto Jefferson Marques. Ele serviu ao gabinete de Jucá em Brasília e hoje é funcionário da prefeitura de Boa Vista (RR), comandada pela mulher do senador, Tereza Jucá. Xuxa foi o emissário do parlamentar para sacar R$ 50 mil em 2004 na agência do Banco Rural em Brasília. O dinheiro era um presente do empresário Marcos Valério. O motorista sabe a confusão em que se meteu. Mas é fiel a Jucá: “Ele é o chefe. Eu faço o que ele manda”.
Na conversa gravada, Xuxa conta como driblou as investigações da CPI dos Correios. Ele trabalhava no gabinete de Jucá e perguntou ao chefe: “Senador, e agora, vai pegar alguma coisa pra mim?” E apresentou a solução: “Porque se for pegar alguma coisa pra mim, o senhor me tira daqui logo. Me manda pra Belém.” Precavido, Jucá quis saber de Xuxa o que ele tinha feito no Banco Rural quando pegou o dinheiro. Quando ouviu a resposta, o tranqüilizou: “Não te preocupa com isso. Pode ir sossegado”, teria dito Jucá, que desligou o funcionário do gabinete e mandou Xuxa viajar. Na conversa gravada por um amigo, Roberto Marques dá uma dica para a PF desvendar o mistério: “ Só comparando a minha assinatura.”
Confira o que disse o ex-funcionário de Romero Jucá sobre saque de dinheiro no Banco RuralInterlocutor – Mas veja, como foi lá? Tu chegou lá no Banco Rural e… O Romero tinha falado com tu antes? Tu chegou lá e disse “vim sacar pro senador Romero Jucá”?
Roberto Marques – Não, nunca. Não teve nada de senador. Cheguei lá, procurei um tal de André, o cara me levou até lá dentro e falou: “Agora, você assina esse recibo aqui”. Eu peguei e só rubriquei Roberto Marques e não quis botar identidade e o cara não conferiu.
Interlocutor – Mas e como ele sabia que tu era o emissário do senador? Marques – Eu só cheguei lá e falei “Meu nome é Roberto Jefferson Marques”. Aí, o cara falou “ah, tudo bem”. Só isso. E me entregou um envelope amarelo, grampeado em cima. Não abri, não fiz nada.
Interlocutor – Mas tu sabia que eram os R$ 50 mil…
Marques – Não, mas eu escondi esse dinheiro… Interlocutor – Mas ele falou que eram R$ 50 mil?
Marques – Não. Não falou nada. Mas para mim, tinha até mais que isso. (…) Eu peguei e dei para o Romero, fui para Belo Horizonte com uma gata que ele tinha lá, levei o carro dele e ele foi de avião. Ele é chefe, p… Eu faço o que ele manda.
Interlocutor – Mas e esse negócio de tu ir para lá (ao Banco Rural)? Ele já tinha combinado contigo aqui (em Roraima)?
Marques – Não. Ele disse “Xuxa, tu vai para Brasília e vai pegar uma encomenda para mim no banco tal porque eu não vou tá lá, vou tá em São Paulo.”
Intelocutor – Que era no Banco Rural…
Marques – Isso. Lá no shopping, dentro do shopping. Te lembra do Magela?
Interlocutor – Sei. Aquele cara que cuidava das faculdades?
Marques – É. Esse dinheiro foi passado para a mão do Magela. Eu entreguei na mão do Magela. O Romero pediu para pegar a encomenda e entregar na mão do Magela que o Magela ia saber o que fazer. Eu entreguei lá em Brasília mesmo. O escritório do Magela fica ali no…Tem aquele shopping ali, atrás do prédio da Varig…
Interlocutor – Sei…
Marques – Pois é. Aí eu fui lá e subi e pus na mão do Magela. Foi o que aconteceu.
Interlocutor – Aí, quando estourou o negócio do Marcos Valério, do Banco Rural, tu sabia que era… Tu tava recebendo pelo gabinete?
Marques – Continuava recebendo pelo Senado…
Interlocutor – Mas aí, quando esse negócio…
Marques – Quando estourou, eu fui atrás e falei: “Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (de Brasília) logo. Me manda para Belém.”
Interlocutor – Vocês conversaram aqui em Boa Vista?
Marques – Conversamos aqui em Boa Vista. Foi a ultima vez que eu falei com ele (Romero Jucá). Ele disse: “Xuxa, o que foi que tu fez no banco?”. Eu disse: “Eu só assinei meu nome”. “Então, não te preocupa com isso, pode ir sossegado”. Aí, eu peguei e foi quando eu cheguei a viajar. Aí, fui, passei um mês e pouco para lá. Aí, não deu nada, não chamaram. Aí, descobriram aquele tal de Roberto Marques que trabalha com o ministro (ex-ministro josé dirceu), mas o cara provou que não era ele, não sei como.
Interlocutor – Mas aí, ele te tirou do gabinete nessa confusão?
Marques – Tirou. Ele me tirou. Eu ainda fiquei lá no tempo do Wirlande (da Luz, suplente de Romero Jucá), lá dentro do gabinete, recebendo. Aí, quando estourou isso aí, eu já saí do gabinete.
Interlocutor – Mas tu tem como provar isso? Essa é que é a grande questão. Tu acha que é só o exame grafotécnico…
Maques – Só a minha assinatura. Só comparando a minha assinatura
Motorista acusa senador. - * Correio braziliense
Ex-funcionário do gabinete de Jucá confessa, em gravação obtida pela Polícia Federal, ser o verdadeiro Roberto Marques que retirou R$ 50 mil de Marcos Valério no Banco Rural em 2004.
Ex-ministro nega.
Luciene Soares, Rodrigo Lopes e Marcelo Rocha da equipe do Correio
Romero Jucá nega ter ordenado o saque no banco Rural, mas ex-motorista continua sob sua proteção em Boa Vista
Uma conversa gravada em fita cassete pode ajudar a esclarecer um dos enigmas ainda não desvendados no escândalo do mensalão. Nela, o ex-motorista do senador Romero Jucá (PMDB- RR), e hoje funcionário da prefeitura de Boa Vista (RR), Roberto Jefferson Marques, afirma a um interlocutor ser o Roberto Marques autorizado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza a sacar dinheiro das contas da agência SMPB. As suspeitas, até o momento, pairam sobre o homônimo, amigo, assessor e carregador de malas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
No diálogo, ao qual o Correio Braziliense teve acesso, o ex-motorista de Romero Jucá afirma ter retirado R$ 50 mil no Banco Rural, em Brasília, em junho de 2004, a pedido do próprio senador. Ele afirma ainda ter chegado ao banco e procurado uma pessoa de nome André — funcionário que o teria levado a uma sala e lhe pedido para assinar o recibo. “Eu peguei e só rubriquei Roberto Marques. Não quis botar identidade, e o cara não conferiu. Não conferiu, realmente”, sustenta.
O assessor disse que não foi preciso mencionar ao funcionário do Rural o nome do senador peemedebista, mas apenas o seu próprio nome para retirar os valores. “Eu só cheguei lá (no banco) e disse: ‘Meu nome é Roberto Jefferson Marques’. Aí, o cara falou: ‘Ah, tudo bem’. Só isso. E me entregou um envelope amarelo, grampeado em cima. Não abri, não fiz nada.”
Roberto Marques alega que não sabia quanto de dinheiro havia no envelope. Teria recebido o pacote e entregado a Romero Jucá em Brasília. Em seguida, acrescenta o assessor, foi a Belo Horizonte levar o carro do senador. Disse que o patrão viajou de avião para a capital mineira. Marques explicou ainda que o chefe tinha uma amiga naquela cidade e a visitava com certa freqüência. Noutro trecho da gravação, Marques afirma ter entregue o dinheiro a um amigo de Jucá chamado Magela.
Segundo Marques, que trabalhava como motorista no gabinete de Roraima, o senador apenas o pediu para ele ir a Brasília buscar uma encomenda no Rural, sem mais detalhes. “Xuxa (apelido de Roberto Marques em Boa Vista ), tu vai para Brasília e vai pegar uma encomenda para mim no banco tal (Rural) porque eu não vou estar lá, vou estar em São Paulo”, teria dito Jucá ao assessor.
Com as denúncias sobre a existência do mensalão em meados do ano passado, prossegue Roberto Marques na gravação, o assessor teria procurado Romero Jucá para pedir explicações sobre o caso. “Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque, se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (Brasília) logo. Me manda para Belém”, teria afirmado.
O senador, de acordo com as declarações do assessor, teria perguntado o que fez no banco. E ele respondeu que apenas assinou o nome em um recibo. E foi, então, tranqüilizado por Jucá, de que não haveria nenhum problema. “Aí, eu peguei e foi quando eu cheguei a viajar. Aí, fui, passei um mês e pouco para lá (Belém). Aí, não deu nada, não chamaram. Aí, descobriram aquele tal de Roberto Marques que trabalha com o ministro (ex-ministro josé dirceu), mas o cara provou que não era ele, não sei como”, disse Roberto lembrando da conversa que teve, na época, com o ex-patrão.
Roberto Marques disse que o exame grafotécnico — comparação da assinatura no recibo do Banco Rural, com sua caligrafia — poderá comprovar ter sido ele o autor do saque. Roberto Marques foi nomeado no gabinete de Romero Jucá em 20 de abril de 2004, no cargo de assistente parlamentar AP 05. Ele trabalhou no Senado até 1° de abril de 2005, quando foi exonerado pelo suplente Wirlandes da Luz, que assumiu o mandato quando Jucá foi ocupar o cargo de ministro da Previdência. Em poder da Polícia Federal, a fita já passou por uma análise preliminar de peritos, que reconheceram haver interrupções, mas sem montagem nas gravações. Também confirmaram se tratar da voz de Roberto Marques, conforme comparação com uma outra gravação da voz do ex-assessor.
Na fita, o motorista conta ainda que depois que deixou o gabinete do senador não conseguiu mais conversar sobre o episódio com ele. Em outubro de 2005, desempregado, teria procurado Jucá novamente, mas sem sucesso. Afirma ter pedido a um assessor de Jucá em Boa Vista para dizer ao ex-patrão que estava no sufoco financeiro e que precisava de dinheiro para pagar a pensão alimentícia dos filhos e o aluguel de casa — segundo ele, vencido há quatro meses —, mas não teve resposta.
Desempregado A fita cassete em que Roberto Marques faz as revelações foi gravada no final de outubro de 2005, durante uma conversa no interior de um veículo. O interlocutor de Marques, que fez a gravação, prefere não se identificar. Na época, Marques estava desempregado. Depois que tomou conhecimento do que dizia seu ex-motorista, o senador voltou a empregá-lo. Hoje, trabalhando na Prefeitura de Boa Vista, cuja titular é Tereza Jucá, mulher de Romero Jucá, ele nega ter feito saques a pedido do senador, e disse também desconhecer qualquer coisa relacionada ao assunto.
Procurado pela reportagem, o gabinete do senador Romero Jucá em Brasília confirma que Roberto Jefferson Marques foi nomeado assistente parlamentar em março de 2004, para exercer a função de motorista do gabinete de apoio de Jucá em Boa Vista, e exonerado em abril de 2005. No período, segundo a assessoria, não houve ordem ou exigência por parte do parlamentar ou de funcionários do gabinete para que ele viajasse de Roraima a outro lugar do país. “O senador Romero Jucá repudia a acusação e afirma, veementemente, que não teve ou tem envolvimento de qualquer espécie com o Banco Rural ou com os saques atribuídos ao esquema chamado valerioduto”, afirma a nota.
A CPI dos Correios investiga a participação de outros parlamentares, além dos 18 já conhecidos, no esquema do mensalão. A partir de uma lista de servidores da Câmara, os técnicos da comissão tentam encontrar outros sacadores. Também está sendo feito o cruzamento de dados sobre esses saques com registros bancários das corretoras Bônus-Banval e Guaranhuns. As duas operaram com alguns dos 14 fundos de pensão investigados pelos congressistas, e suspeita-se que tenham sido usadas para abastecer o esquema de corrupção. Nessa nova lista, estaria, de acordo com informações já divulgadas na imprensa, o deputado Nilton Baiano (PP-ES). Um assessor dele teria recebido R$ 100 mil. A CPI não confirma nem desmente a informação.
Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque, se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (Brasília) logo. Me manda para Belém
Roberto Marques, ex-assessor do Senado ao questionar Romero Jucá sobre a divulgação de nomes de scadores do mensalão no Banco Rural
Confusão
Em 2005, a PF apreendeu no Banco Rural, entre recibos de sacadores do mensalão, um que trazia o nome de Roberto Marques, a quem era atribuída retirada de R$ 50 mil. A descoberta provocou frisson na oposição, que viu no documento um indício de participação de josé dirceu — o ex-ministro tinha um assessor chamado Roberto Marques (foto) —, com o caixa 2 do PT. Marcos Valério disse que a determinação para incluir o nome na lista partiu do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que depois mandou substitui-lo pelo funcionário de uma corretora.
“Ele é o chefe; faço o que ele manda”
Motorista do senador Romero Jucá conta como pegou R$ 50 mil do valerioduto a mando do patrão. E revela que foi desligado do gabinete do parlamentar quando o escândalo do mensalão foi denunciado
Xuxa é o apelido do motorista do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro da Previdência do governo Lula, ex-líder no Senado do governo Fernando Henrique e um dos parlamentares mais ativos da comissão do Congresso que elabora a lei orçamentária.
O verdadeiro nome de Xuxa é Roberto Jefferson Marques. Ele serviu ao gabinete de Jucá em Brasília e hoje é funcionário da prefeitura de Boa Vista (RR), comandada pela mulher do senador, Tereza Jucá. Xuxa foi o emissário do parlamentar para sacar R$ 50 mil em 2004 na agência do Banco Rural em Brasília. O dinheiro era um presente do empresário Marcos Valério. O motorista sabe a confusão em que se meteu. Mas é fiel a Jucá: “Ele é o chefe. Eu faço o que ele manda”.
Na conversa gravada, Xuxa conta como driblou as investigações da CPI dos Correios. Ele trabalhava no gabinete de Jucá e perguntou ao chefe: “Senador, e agora, vai pegar alguma coisa pra mim?” E apresentou a solução: “Porque se for pegar alguma coisa pra mim, o senhor me tira daqui logo. Me manda pra Belém.” Precavido, Jucá quis saber de Xuxa o que ele tinha feito no Banco Rural quando pegou o dinheiro. Quando ouviu a resposta, o tranqüilizou: “Não te preocupa com isso. Pode ir sossegado”, teria dito Jucá, que desligou o funcionário do gabinete e mandou Xuxa viajar. Na conversa gravada por um amigo, Roberto Marques dá uma dica para a PF desvendar o mistério: “ Só comparando a minha assinatura.”
Confira o que disse o ex-funcionário de Romero Jucá sobre saque de dinheiro no Banco RuralInterlocutor – Mas veja, como foi lá? Tu chegou lá no Banco Rural e… O Romero tinha falado com tu antes? Tu chegou lá e disse “vim sacar pro senador Romero Jucá”?
Roberto Marques – Não, nunca. Não teve nada de senador. Cheguei lá, procurei um tal de André, o cara me levou até lá dentro e falou: “Agora, você assina esse recibo aqui”. Eu peguei e só rubriquei Roberto Marques e não quis botar identidade e o cara não conferiu.
Interlocutor – Mas e como ele sabia que tu era o emissário do senador? Marques – Eu só cheguei lá e falei “Meu nome é Roberto Jefferson Marques”. Aí, o cara falou “ah, tudo bem”. Só isso. E me entregou um envelope amarelo, grampeado em cima. Não abri, não fiz nada.
Interlocutor – Mas tu sabia que eram os R$ 50 mil…
Marques – Não, mas eu escondi esse dinheiro… Interlocutor – Mas ele falou que eram R$ 50 mil?
Marques – Não. Não falou nada. Mas para mim, tinha até mais que isso. (…) Eu peguei e dei para o Romero, fui para Belo Horizonte com uma gata que ele tinha lá, levei o carro dele e ele foi de avião. Ele é chefe, p… Eu faço o que ele manda.
Interlocutor – Mas e esse negócio de tu ir para lá (ao Banco Rural)? Ele já tinha combinado contigo aqui (em Roraima)?
Marques – Não. Ele disse “Xuxa, tu vai para Brasília e vai pegar uma encomenda para mim no banco tal porque eu não vou tá lá, vou tá em São Paulo.”
Intelocutor – Que era no Banco Rural…
Marques – Isso. Lá no shopping, dentro do shopping. Te lembra do Magela?
Interlocutor – Sei. Aquele cara que cuidava das faculdades?
Marques – É. Esse dinheiro foi passado para a mão do Magela. Eu entreguei na mão do Magela. O Romero pediu para pegar a encomenda e entregar na mão do Magela que o Magela ia saber o que fazer. Eu entreguei lá em Brasília mesmo. O escritório do Magela fica ali no…Tem aquele shopping ali, atrás do prédio da Varig…
Interlocutor – Sei…
Marques – Pois é. Aí eu fui lá e subi e pus na mão do Magela. Foi o que aconteceu.
Interlocutor – Aí, quando estourou o negócio do Marcos Valério, do Banco Rural, tu sabia que era… Tu tava recebendo pelo gabinete?
Marques – Continuava recebendo pelo Senado…
Interlocutor – Mas aí, quando esse negócio…
Marques – Quando estourou, eu fui atrás e falei: “Senador, e agora? Vai pegar alguma coisa para mim? Porque se for pegar alguma coisa para mim, o senhor me tira daqui (de Brasília) logo. Me manda para Belém.”
Interlocutor – Vocês conversaram aqui em Boa Vista?
Marques – Conversamos aqui em Boa Vista. Foi a ultima vez que eu falei com ele (Romero Jucá). Ele disse: “Xuxa, o que foi que tu fez no banco?”. Eu disse: “Eu só assinei meu nome”. “Então, não te preocupa com isso, pode ir sossegado”. Aí, eu peguei e foi quando eu cheguei a viajar. Aí, fui, passei um mês e pouco para lá. Aí, não deu nada, não chamaram. Aí, descobriram aquele tal de Roberto Marques que trabalha com o ministro (ex-ministro josé dirceu), mas o cara provou que não era ele, não sei como.
Interlocutor – Mas aí, ele te tirou do gabinete nessa confusão?
Marques – Tirou. Ele me tirou. Eu ainda fiquei lá no tempo do Wirlande (da Luz, suplente de Romero Jucá), lá dentro do gabinete, recebendo. Aí, quando estourou isso aí, eu já saí do gabinete.
Interlocutor – Mas tu tem como provar isso? Essa é que é a grande questão. Tu acha que é só o exame grafotécnico…
Maques – Só a minha assinatura. Só comparando a minha assinatura
0 Comments:
Post a Comment
<< Home