Thursday, February 02, 2006

Depois de ter sido cassado como deputado federal (PT) em dezembro passado, em meio ao escândalo do mensalão, Dirceu se afastou da cena pública, à qual retornou hoje em Caracas como em seus velhos tempos de líder estudantil.

Dirceu falou diante de cerca de 80 pessoas em uma tenda montada no Parque del Leste, tradicional área de lazer da capital venezuelana. Em seu discurso, disse que, contra os avanços do Mercosul, encontram-se setores de direita que querem torpedear o esforço integrador para, ao invés disso, defender interesses comerciais particulares.

"Na direita brasileira, por exemplo, há quem diga que no Mercosul há muita política", afirmou, para depois tachar de "hipócritas" a esses setores que, na sua opinião, conspiram para "deter a integração" sul-americana.

Segundo Dirceu, a ascensão de Evo Morales à Presidência da Bolívia dá aos países sul-americanos uma nova dimensão política e complementará a sintonia política que existe entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Argentina, Néstor Kirchner; e da Venezuela, Hugo Chávez.

"É uma oportunidade única para trabalharmos a integração social, política, econômica, comercial e cultural da América do Sul, e que não pode ser desperdiçada", argumentou Dirceu, que considerou que o Mercosul se transformou em "um processo de emancipação".

O ex-ministro citou como exemplo de convergência política a resistência dos países do bloco à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) proposta defendida por Washington, e disse que o Conselho de Defesa Sul-americano que se pretende criar é uma "iniciativa política histórica".

"Brasil, Argentina e Venezuela são decisivos para a integração sul-americana, que deve ser autônoma e ter o Mercosul como núcleo central", acrescentou o ex-ministro.

Dirceu também avaliou a "revolução bolivariana" e disse que se trata de um processo "único" na América do Sul.

"O Fórum Social Mundial não se realiza em Caracas porque existe um processo revolucionário, mas porque existe um processo com autêntica participação popular", indicou.

Segundo Dirceu, na Venezuela "pela primeira vez, distribui-se os recursos do petróleo em um processo de mudança lento, gradual, mas firme".

Sobre o Brasil, disse que o fortalecimento de seu país se consolidará se, em outubro, Lula for reeleito para um novo mandato de quatro anos.

"Estamos convencidos de que a reeleição do presidente Lula será definitiva para consolidar o processo de reformas que começou no Brasil há três anos", sustentou o ex-ministro.

*Agência EFE

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