Sunday, June 11, 2006

O imperador Magá




Antonio Carlos Peixoto Magalhães, também conhecido pela alcunha de Toninho Malvadeza, ou simplesmente ACM, é um velho senador da família pefelista. Há alguns anos, o poderoso chefão baiano vem enganando o satanás, pois sua alma foi penhorada por dívida a Lúcifer, que lhe concedeu o título e poderes de "capo dei capi" (chefe de todos os chefes) das máfias brasileiras, com prazo de validade vencido no final do período da ditadura militar que vigorou no Brasil a partir de 1964 e prorrogado por tempo indeterminado. Numa das tentativas de cobrar sua dívida, Lúcifer submeteu ACM a um infarto, porém ele foi operado e recebeu o implante de duas pontes de safena e duas mamárias. O Príncipe das Trevas mandou apedrejar seus rins, contudo o velho foi operado em Londres, quando lhe retiraram três cálculos renais. Os capetas responsáveis por doenças do sistema respiratório andaram atanazando-lhe, porém o velho ACM pediu a Belzebu para permanecer na Terra até preparar seu sucessor. O demônio-chefe gostou da idéia e até indicou-lhe um dos seus netos para a escola de formação de diabos encarnados.

Por orientação do Reino dos Céus, quando Deus ainda exercia alguma influência sobre ACM, este se formou médico; porém, ao estabelecer o pacto com o Reino das Trevas, abandonou a profissão para assumir funções mais apropriadas aos desígnios de Satã: em 1954 elegeu-se deputado estadual pela UDN, marcando o início de uma das mais tenebrosas carreiras de golpista do Brasil, quiçá do mundo. Dez anos depois, na condição de deputado federal, apoiou o golpe militar que implantou uma sanguinária ditadura no País. Os ditadores de plantão reinstalaram o sistema de capitanias hereditárias no Brasil, e foi assim que ACM, como não poderia deixar de ser, apropriou-se de uma das sesmarias mais cobiçadas do Nordeste: hoje, a mundialmente conhecida Bahia de Antonio Carlos Magalhães, que também atende pelo título de imperador Magá, o malvado.

Apesar do título monárquico, ACM governa seu território à maneira de um coronel latifundiário, símbolo do autoritarismo e impunidade em terras tupiniquins, na modalidade coronel eletrônico, como são conhecidos os políticos donos de emissoras de rádio e tevê. O seu patrimônio é dos mais expressivos da Bahia. Em maio de 2000, o poderoso chefão baiano fez uma declaração parcial de seus bens à revista Valor Econômico:

"Eu tenho o governador, os três senadores, 95% dos prefeitos e 30 dos 39 deputados federais". E ainda desafiou: "Me mostre alguém que tenha um poder como este onde faz política" .

O imperador Magá, o malvado, em cinco décadas de atuação política, sempre se manteve constante no cenário político nacional. Aliando-se a quem ocupasse o poder central, manteve-se entre os déspotas do regime militar ou ao lado do entreguista Fernando Henrique Cardoso, um dos maiores vendilhões da pátria. Sobre este, num momento de pequeno desentendimento em relação a uma partilha, ACM declarou:

"O presidente permite a corrupção porque sempre foi leniente com ela e nunca tomou providências. Ele prefere ter uma base aliada mais forte, com corruptos, do que uma base menor, com gente séria. Pode escrever porque estou falando para ser publicado: Fernando Henrique é um homem falso" , jornal O Estado de S.Paulo, 23/02/01.

E falou com a autoridade de quem manteve uma relação íntima como FHC, pois, sobre sua amizade com este, ele, em 20/04/00, havia dito: "Só não fizemos sexo".

ACM foi nomeado prefeito biônico de Salvador e por duas vezes governador biônico do seu Estado. Também se distraiu um tempo como presidente da Eletrobrás, no entanto o que deve ter-lhe causado maior satisfação foi o cargo de ministro no governo Sarney. Durante a sua gestão no Ministério das Comunicações, o imperador Magá distribuiu várias concessões de rádio e TV em troca de apoio aos interesses do governo, em especial para a aprovação do mandato de cinco anos para seu presidente.

Na última terça-feira, dia 6, após a baderna que os militantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) fizeram, invadindo as dependências da Câmara Federal, o imperador Magá, o malvado, usou a tribuna do Senado e convocou as Forças Armadas para deflagrar um golpe fatal contra governo Luiz Inácio Lula da Silva. Com a volta da ditadura militar, ACM tem como convencer o Príncipe das Trevas a lhe conceder mais um longo período na Terra, na condição de demônio encarnado.

Este foi o seu apelo:

"Eu pergunto: as Forças Armadas do Brasil, onde é que estão agora? Foi uma circular do presidente Castelo Branco, em março de 64, mostrando que o presidente da República não poderia dominar o povo sem respeitar a Constituição, que deu margem ao movimento de 64. As Forças Armadas não podem ficar caladas. Esses comandantes estão aí a obedecer a quem? A um subversivo? Quero dizer, neste instante, aos comandantes militares, não ao ministro da Defesa porque ele não defende coisa nenhuma: reajam enquanto é tempo. Antes que o Brasil caia na desgraça de uma ditadura sindical presidida pelo homem mais corrupto que já chegou à Presidência da República".

Dizem que o pedido de socorro do imperador Magá, o malvado, está sendo analisado por militares ligados às forças de Belzebu.

Mas... E Deus?! Por onde anda Deus nessas horas?!

Não é de todo correto afirmar, mas também não se pode negar a possibilidade de ser verdadeira a informação de que Deus, neste momento, está muito ocupado com as súplicas da torcida brasileira na Alemanha.


.

Fernando Soares Campos
Rio, 10/06/2006

0 Comments:

Post a Comment

<< Home